Cap03 – O que é o Forró? – Livro – O que é o Forró? (2022)

1. Forró é um Gênero musical composto por um conjunto de ritmos (subgêneros)
2. Forró é um dos subgêneros desse conjunto de ritmos
3. Forró é um conjunto de diferentes formas de dança
4. Forró é o nome de um tipo de festa

Parte do livro: O que é o Forró? Um pequeno apanhado da história do Forró./ Ivan Dias e Sandrinho Dupan. 2022 ISBN978-65-997133-0-9
Projeto contemplado pela 2a Edição do Fomento ao Forró, da “Secretaria Municipal de Cultura” da cidade de São Paulo.

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Cap04 – Conjunto de Ritmos – Livro – O que é o Forró? (2022)

Os ritmos mais importantes desse conjunto de subgêneros são: Coco, Baião, Xote (ou Chote, ou ainda Xótis), Arrastapé, Xaxado, Samba, Rojão e Forró.
Também fazem parte desse conjunto de ritmos: Toada, Martelo, Quadrado, Brejeira, Chamego (ou Xamego), Marchinha Junina, Galope, Calango, Embolada, Rancheira, Fandango, Choro e Ciranda, entre outros.

Parte do livro: O que é o Forró? Um pequeno apanhado da história do Forró./ Ivan Dias e Sandrinho Dupan. 2022 ISBN978-65-997133-0-9
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Cap05 – O que a palavra Forró significa? – Livro – O que é o Forró? (2022)

Muitos atribuem equivocadamente o termo “Forró” à expressão “for all”, o que numa tradução livre significa “para todos”. Supostamente cunhada pelos ingleses da companhia férrea “Great Western”, estabelecida no nordeste brasileiro por 70 anos a partir de 1881 e/ou como forma de atrair a soldadesca americana, durante a segunda guerra, às reuniões musicais (e dançantes) realizadas nos galpões das estações, também conhecidas como “a Festa”, “o Samba”, “o Pagode”, “o Zambé”, “o Arrastapé” e/ou “o Forró”. Mais antiga que as peripécias estrangeiras, não seria difícil imaginar exatamente o inverso, tendo a arraigada palavra do vocabulário local ativado uma espécie de “trocadilho bilíngue”, sutil expressão do humor inglês misturada à inventividade tropical, pendurada nas famosas plaquinhas da memória coletiva. “Forroóóll”?

Mais convincente – e embasada – é a linha de raciocínio que aponta a palavra Forrobodó como sendo a fonte original da abreviatura Forró, que chegou ao Brasil com os africanos escravizados de diferentes grupos étnicos. No ramo linguístico bantu significa “bagunça” ou “confusão”, circunstâncias frequentes nesses bailes populares do interior nordestino do século 19.

Fossem nas casas de fazendas, terreiros dos sítios, quintais ou ruas dos povoados, os encontros misturavam variados estilos musicais e expressões corporais (dança). Uma grande miscigenação cultural aconteceu na música, nas danças, nos costumes e no idioma.

Até hoje podemos notar influências e apropriação de palavras africanas absorvidas pelo português falado no Brasil. Uma palavra muito presente no vocabulário nordestino é “Xodó”, que significa companheiro(a) ou xamego, na língua Fon, originária do Golfo de Benin, na África Ocidental.

A partir de meados do século 19, a formação instrumental da música do Forró passou a ser centralizada na lendária Sanfona de 8 Baixos. Entretanto, os encontros, festas e confraternizações datam de muito tempo antes e eram animadas por diversos instrumentos, como Pífanos, Gaitas, Violas e Rabecas, dentre muitos instrumentos de percussão. Esse eclético conjunto de gêneros, encontros, ritos, danças e prazeres intitulou-se “Forró”.

Nesses encontros havia música cantada e tocada, ao vivo, e muita dança. Pessoas de todas as idades, de diferentes classes sociais, casados, solteiros, crianças, adultos, jovens e idosos, dançavam sozinhas ou em pares.

A manifestação cultural ganharia maior força com a expansão da indústria fonográfica e as projeções midiáticas do pernambucano Luiz Gonzaga, no início da década de 1940, e do paraibano Jackson do Pandeiro, na década de 1950. Foram os principais expoentes da popularização nacional dos ritmos originalmente nordestinos, como Baião, Coco, Rojão, Xaxado e Arrastapé, entre outros, chancelados todos com o selo “Forró”.

Nessa época, a popularização do rádio, aliada ao desenvolvimento das tecnologias de gravação e reprodução de áudio, ao charme dos discos de vinil e às vozes destes representantes da cultura nordestina, espalharam o Forró para todos os cantos do Brasil. Divulgaram a música e fomentaram sobretudo os eventos, encontros, bailes e confraternizações, o que potencializou, regionalmente, diversas maneiras de dançar e se expressar.

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Cap06 – O Forró e suas Danças – Livro – O que é o Forró? (2022)

Forró é música e também é dança, uma depende da outra para atingir seus objetivos estéticos e sensoriais. É uma “dança social”, na qual a unidade básica da dança é um par independente. Um chama o outro para o calor da festa. Dança-se a dois, frente a frente. Assim como as sonoridades, os movimentos e improvisos do Forró são ricos em variações, em função das localidades, dos espaços e influências recebidas.

O passo básico de dança para a maioria dos ritmos do Forró é conhecido como “dois, dois”. Ou seja: “dois pra cá e dois pra lá”. Dois passos pra um lado e dois pro outro. Dois pra frente e dois pra trás. Direita, direita, esquerda, esquerda.

A partir daí, entram os giros, pausas, improvisos e floreios, sempre mantendo a métrica temporal do “dois-dois”.

Após séculos de desenvolvimento, podemos notar hoje elementos remanescentes das influências africanas, europeias e indígenas no Forró. Na sua dança e na sua música, com particularidades em cada região brasileira.

Essa mistura de influências, ocorreu nas três Américas, a partir de meados do século 16, durante o período da colonização. Variavam as localidades, as etnias dos africanos, as tribos locais e os países de origem dos colonizadores. Uma fórmula comum que se desenvolveu de formas distintas em cada colônia.

No Brasil, essa fusão aconteceu de forma única no mundo, a dança ternária europeia foi derretida carinhosamente na divisão binária e se encaixou no balanço e na síncope da imparidade rítmica dos “Batuques dos pretos”.

A dança se desenvolveu junto com a música, nunca se separaram. A partir de movimentos de danças ritualísticas, remanescentes de uma bagagem cultural milenar, o tempo mesclou movimentos de diferentes origens, absorvendo conceitos e fundindo compassos rítmicos.

O arrastar dos pés no chão remonta às danças indígenas, como o Toré. Já o formato de dança social, em pares enlaçados independentes, é uma clara influência da Valsa europeia. E a sensualidade dos movimentos, meneios de corpo e o requebrado dos quadris são heranças de diferentes danças africanas.

Durante o período da União Ibérica (1580 a 1640), o Brasil participou de um grande intercâmbio cultural recebendo danças de diferentes origens, desde as espanholas, portuguesas, francesas, inglesas e alemãs, entre outras.

Na época, esses sotaques, danças europeias, indígenas e africanas, faziam parte das apresentações entre as poesias, danças e músicas nos saraus da alta classe.

No final do século 16, os engenhos cresceram muito e, embora a maior parte da população fosse rural, cresciam as vilas em volta dos fortes militares e das escolas jesuíticas.

Os indígenas eram catequizados, aprendiam a falar português, ler partituras e tocar instrumentos como Flautas, Trombetas, Charamelas, Baixões, Violas, Cravos e Órgãos. Depois se tornavam escravos e passavam a fazer parte das bandas de fazendas ou de senhores muito ricos.

Dessa forma, a música circulava nesses ambientes distintos:

As grandes fazendas possuíam bandas e dançarinos, compostas por escravizados, indígenas e negros. Eles recitavam poesias, tocavam, cantavam e dançavam para os donos da casa ou para uma plateia restrita.

Nesses saraus, as apresentações eram feitas num formato europeu, mas absorvendo alguns ritmos tropicais, dividindo a cena com danças e peças musicais tipicamente europeias. Uma sequência de peças integradas, um conjunto de diferentes danças e tipos de música, com ordem programada, partiturada e com os intervalos (interlúdios) e todas as coreografias ensaiadas.

O Paturi, dança de origem indígena, com movimentos coreográficos do estalar de dedos com as mãos para o alto, acima da cabeça, pode ter influenciado os primórdios do desenvolvimento do Fandango Espanhol.

Nesta época temos também registros do Cãozinho, dança da qual existe o primeiro registro do movimento coreográfico da umbigada. Danças das classes baixas, assim como o Gandum, que também já se encaixavam dentro do contexto de espetáculo para os brancos da classe alta.
A gênese de alguns diferentes elementos africanos formou o Landum, Lundum ou Lundu, que é um ancestral direto das danças do Forró.

A partir do final do século 17, o Lundu permeia a barreira das classes e se desenvolve rapidamente, acompanhando o desenvolvimento socioeconômico brasileiro. Era uma época de crescimento das cidades. Uma grande mistura de pessoas, vindas de diferentes lugares do mundo, línguas, costumes, etnias e influências diferentes, fatores que possibilitaram que a dança se tornasse uma forma de comunicação entre todos, uma identidade comum.

Nas festividades diurnas, nas quais a grande maioria das pessoas era branca, como as festas da igreja, dançava-se o Lundu publicamente de forma coreográfica e respeitosa. Já nas festas menores e encontros noturnos, onde todos se misturavam, negros e brancos, casados e solteiros, pobres e ricos, a dança era mais sensual.

No contexto negro e mestiço, as danças ocorriam semanalmente nos Batuques, Sambas ou Calundus, onde diferentes etnias misturavam os movimentos de suas culturas corporais ancestrais a partir da sua memória cinética e musical. Dançavam religiosamente e socialmente, numa espécie de ‘válvula de escape’ para suportar a dura realidade da época.

Durante o século 17, as formações, alguns movimentos e fragmentos oriundos de danças religiosas e ritualísticas de diferentes culturas africanas, de diferentes tribos, de locais distantes e isolados entre si foram misturados durante os Batuques.

Essa dança, com o tempo, absorveu elementos europeus e herdou, através destes, movimentações e dinâmicas de origem árabe, e elementos indígenas brasileiros. Permearam a barreira das classes com uma dança sensual, de improviso, divertida e cativante.
No início do século 18, o Brasil exportou pela primeira vez uma dança para a Europa, era a Fofa (da Bahia), uma dança a dois, par solto, com passos e rebolados africanos, virou moda em Lisboa.

A segunda dança exportada chegaria em Portugal aproximadamente meio século depois e se tornaria a identidade nacional, o Lundu.
O Lundu acrescentava cantorias à Fofa e o elemento coreográfico da umbigada, o que chamou muita atenção. Foi uma grande febre dentre a classe média lisboeta, fazendo com que fosse exibido e praticado em grandes festas populares, teatros, casas honestas, palácios e festas da igreja. Era dançado em pares soltos, não enlaçados.

A dança do Lundu entre os negros tinha origem na sensualidade das umbigadas do Semba angolano e nos movimentos da Fofa e do Miudinho, de origem congolesa.
Já a dança do Lundu dos brancos recebeu influência direta do Fandango de Castela, com o estalar de dedos acima da cabeça e a atitude galanteadora, flertiva e sedutora na interação do casal, uma dança de corte, onde um gira em volta do outro. Misturava movimentos do Miudinho e as umbigadas. Em ambientes mais refinados, a umbigada era substituída pela troca de lenços ou palmas, para não chocar a sociedade.

Atualmente, uma manifestação que ainda preserva a célula rítmica, elementos da dança e muitas das características do Lundu dos brancos é o ramo tradicional do Carimbó, ritmo e dança amazônicos do estado do Pará. Embora a maior parte dos seus elementos sejam africanos, seus adeptos se apegaram à identidade e às influências indígenas, como forma de driblarem a resistência das autoridades em aceitar as “reuniões de pretos”.

Instrumentos Carimbó:

No início do século 19, o Lundu dos negros já era dançado em pares, frente a frente, mas ainda sem o conceito de “líder” e “seguidor”. Com a chegada da Valsa aos bailes imperiais, a corte portuguesa trouxe mestres de dança, da Europa, para ensinar os brasileiros da alta classe. Esses professores compartilharam o “novo” formato de dança (par enlaçado) o qual foi rapidamente absorvido pelas festas populares, padronizando a forma de se dançar os ritmos do Forró.

O formato de par enlaçado é hoje comum às danças de salão. Um enlaça o outro com o braço direito e com o braço esquerdo mantém as mãos dadas com o parceiro. O conceito de condução “líder” e “seguidor”, no qual um propõe movimentações para o outro, que aceita, responde especificamente para cada condução e mantém uma comunicação durante toda a dança.

Dentre os brancos, durante o século 19, as ‘Sociedades de Dança’ promoviam grandes bailes. A dança era um diferencial social, fazia parte dos costumes da aristocracia e era ensinada nos colégios, sendo uma das disciplinas da grade curricular do ensino formal. Eram ensinadas as danças europeias como os Minuetos, Contra-danças, Valsas e Polcas.

Os mestres, eram polivalentes, atuavam em “Danças Cênicas” e eram professores de “Danças de Bailes”. Normalmente ministravam diversas disciplinas, não apenas dança. No início do século 19, as aulas de dança aconteciam junto com as aulas de “Música”. No final do século, passaram a fazer parte da “Educação Física” e foram extintas no século seguinte.

Desde então, o hábito da dança, dentro do Forró, foi passado organicamente de geração em geração. De forma que, até hoje, a maior parte das pessoas aprendeu a dançar naturalmente, frequentando os bailes de Forró, festas e confraternizações em geral.

Essa transmissão natural do conhecimento e tradição, agregadas à facilidade em se aprender os passos básicos e à versatilidade de espaços e quantidade de participantes, são fatores inclusivos e fizeram com que os bailes de Forró se perpetuassem.
Só no final do século 20 as escolas de dança de salão passaram a ensinar Forró. Nessa época, ocorreu uma grande renovação. As danças do Forró receberam influências do Samba-rock, da Gafieira e do Tango, com a absorção técnica e harmonização de muitos elementos e movimentações das danças contemporâneas.

No início século 21, surgem escolas de dança especializadas em Forró, renovando os estudos sobre a dança e desenvolvendo metodologias próprias a partir da miscigenação e aprimoramento de diversas técnicas de dança.

A dança do Forró vem sendo bastante aperfeiçoada nos últimos anos. Hoje tem um nível técnico e criativo muito elevado, absorveu características técnicas e estéticas de todas as danças de salão e tornou-se uma das danças mais versáteis e plasticamente bonitas de se ver.

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Cap07 – A Festa – Livro – O que é o Forró? (2022)

A partir do final do século 16, durante o período de escravatura no Brasil (1539 – 1888), os cativos escravizados tinham aos domingos um dia de descanso. Na noite de sábado e durante o domingo, aconteciam cerimônias de adivinhação e cura, denominados Calundus.

Um alento psicológico frente as agruras do cativeiro, ao som de cânticos e Batuques, seus participantes se comunicavam com os espíritos dos seus antepassados através da dança e da música, com Pandeiros, palmas, Ganzás, Reco-recos, Castanholas, Berimbaus de Boca, Marimbas e Tumbadoras.

Com o passar do tempo, esse tipo de encontro passou a receber um intercâmbio de pessoas escravizadas vindas de vilas ou fazendas próximas. Até o final do século 17, os Calundus ocorriam apenas nas senzalas e terreiros das fazendas.

Aos poucos as cidades crescem e a colônia passa a ter uma grande quantidade de negros libertos, mulatos, cabras, mamelucos, colonos brancos pobres e nativos que viviam próximos às vilas e passaram a frequentar e promover organicamente encontros semanais abertos com Batuques, cantos e muita dança.

No início do Século 18, foram proibidos os rituais religiosos dos negros. Isso separou a religião da diversão. Os Calundus, que até então recebiam todo tipo de gente para dançar, tanto religiosamente quanto socialmente, passaram a ser eventos exclusivamente sociais, com o passar do tempo, esses encontros/eventos passaram a ser chamados de Sambas.

A fim de evitar insurgências, os senhores brancos e a polícia entendiam que os encontros musicais, chamados de “reuniões de pretos”, sem caráter religioso, eram um mal menor. Com isso, os Sambas passaram a ser classificados como ‘toleráveis’ e prosperam. Esse é o início da festa “Forró”.

Quando os eventos começaram a ocorrer nas periferias das áreas urbanas, passaram a receber brancos e mestiços. Reuniões integrando brancos e negros eram proibidas. Várias leis foram editadas e publicadas nesse sentido repetidas vezes no decorrer dos séculos. O que mostra que ninguém respeitava e as interações raciais fluíam nos Sambas naturalmente.

Esses Sambas frequentemente terminavam em confusão, brigas, discussões, disputas amorosas, entre outras “desordens” de uma forma geral. Por conta disso os encontros sociais passaram a ser denominados também de “forrobodós”, que tem exatamente esse significado.

No final do século 17, no início do ciclo do ouro, havia bandas, formadas por escravos, ex-escravos, negros livres, crioulos e “cabras”. Essas bandas de fazenda tocavam em todas as ocasiões, em diversos tipos de locais e eventos.
Eram chamados de Chorões (Rio de Janeiro) ou Bandas de Pau e Corda (Nordeste). Dos Xolos, bailes periódicos dos escravos, até as festas da realeza, festividades públicas e privadas, grandes e pequenas, eruditas e de improviso, tocavam os ritmos europeus e os ritmos híbridos também, dependendo da ocasião.

São estes os músicos que faziam transitar as novidades estéticas, poéticas e musicais entre as classes sociais, conectando a população em geral. Misturaram influências forjando um novo costume nacional, e com isso, revolucionaram a música mundial.

No final do século 18 e início do século 19, houve um grande crescimento da classe média e da burguesia, o que propiciou nas grandes cidades, como Rio de Janeiro e Salvador, ambientes culturais nos quais o Lundu passou a ser urbano, a partir das periferias para os bairros nobres, era tocado nos “Pagodes”, nos fundos de quintal das casas humildes, em encontros dominicais, até chegar aos saraus nas salas de estar das casas dos ricos.

Nas classes altas, nas festas, eventos, jantares e confraternizações, a dança e a música do Lundu ocorriam em um caráter de exibição e não de dança social a dois como ocorria nas classes baixas.

Nas grandes festividades das cidades, festas de cunho religioso, após as celebrações, o povo caia na folia, e espontaneamente acontecia um Batuque coletivo em que todo mundo acabava dançando com todo mundo. Com o fim da festa, os mais animados, em grupos menores, sempre iam alongar sua diversão com mais música e dança.

A partir dos bailes e confraternizações da alta sociedade, o formato europeu de apresentações musicais e de dança, com diferentes ritmos, em peças intercaladas por interlúdios (Rojões), permeou para os bailes populares.
Nestes, as peças apresentadas eram compostas pelas expressões da terra (ritmos híbridos) e não pelas músicas e danças europeias.

Nesses encontros festivos chamados de Samba, eram tocados vários ritmos, todo mundo dançava com todo mundo e essa tradição vem passando de geração para geração. O brasileiro, com sua alma festiva, sempre tem um motivo para fazer um Samba em sua casa. Seja aniversário, batizado ou casamento, qualquer evento que reúna as pessoas, sempre acaba em festa e todo mundo dançando até amanhecer o dia.

A partir da década de 1950, os eventos Samba passaram a tocar apenas o ritmo Samba, o que fez com que aquela festa que tocava vários ritmos nordestinos, deixasse de usar essa nomenclatura. Fato que fortaleceu e projetou a nomenclatura Forró, para todo o Brasil, através da rádio, através de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro.

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Cap08 – Os Ritmos – Livro – O que é o Forró? (2022)

Para melhor entendimento dos ritmos e suas células básicas, nos baseamos no Zabumba. Instrumento central da bateria percussiva, é o principal responsável pela base rítmica do Forró.

Imprescindível ponderar que a arquitetura dos ritmos africanos é composta pelo toque combinado de 3 tambores diferentes. Quando tiveram contato com as Bandas de Pífano, passaram a ser tocados com o Zabumba. Essa fusão da sonoridade de 3 instrumentos em um ‘simplificou’ e ‘formatou’ os ritmos.

A música brasileira em geral, e em especial os ritmos que compõem o Forró, têm uma origem comum, a mistura das influências: africanas (improviso das cantorias e a percussão), europeias (melodias e harmonias) e indígena (ritmo conduzido pela palavra em pulsos e a divisão rítmica binária). Essa mistura é a mãe da maior parte dos ritmos brasileiros, sendo o Lundu um dos mais antigos e, sem dúvida, o mais importante.

Para entender a origem dos ritmos que compõem o Forró, é necessário conhecer primeiro o Lundu.

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Cap08.01 – Lundu – Livro – O que é o Forró? (2022)

Ritmo e dança que evoluiu a partir dos Calundus; nomenclaturas genéricas para os rituais e aglomerações com “Batuques, vozerias e danças dos pretos”.

Em meados do Século 18, na Europa, prosperava um novo formato de música, nas casas dos ricos, derivado de cantos teatrais e melodias operísticas, que eram similares na sua estrutura e tinham nomes diferentes em cada país.

O Lundu é um ritmo ancestral musical vindo da mistura da ‘imparidade rítmica’ dos Batuques com as Modinhas, gênero musical brasileiro/português, muito apreciado pela classe alta, executado por cantos acompanhados de Violas de Arame, Cavaquinhos e Bandolins.

A imparidade rítmica consiste em um grupo de fórmulas rítmicas na qual se misturam agrupamentos de binários e ternários, dando origem a períodos rítmicos pares com uma síncope característica. Fenômeno pouco difundido na música erudita europeia e natural nas músicas e ritmos africanos e árabes.

Essa síncope do Lundu ocorria nas melodias e no acompanhamento. Nas melodias, essa síncope preservava a influência árabe, através da música ibérica; e no ritmo a síncope tem clara origem africana.

O contato tropical da música ternária europeia e o ritmo africano binário, propiciou a miscigenação dos ritmos, a criação de um novo e contagiante gênero. A dança e a música aos poucos desenvolveram-se numa manifestação única e irresistível.

O Lundu dos brancos recebeu influências europeias do que havia de mais moderno na época: estrutura de tema e variação, improviso sempre presente para alongar as peças e dar visibilidade para os músicos, vozes leves e ágeis, poética estrófica, simetria, periodicidade e articulação das frases, com ou sem estribilho e comumente tinham uma temática de amor e romance.

Já dentre os negros e mestiços, o Lundu tinha características marcantes oriundas dos africanos, como os improvisos de canto e resposta, sátiras picantes, letras cômicas, jocosas ou de duplo sentido, bom humor e sensualidade nas expressões idiomáticas e nos trocadilhos em crioulo, dialeto do Cabo Verde, arquipélago africano usado como entreposto do tráfico negreiro.

Zabumba Lundu:

Os Batuques eram uma designação genérica para diferentes manifestações. Havia três tipos de Batuque:

Dos Calundus, a musicalidade brasileira herdou o ritmo, o compasso africano. Durante o século 17, os senhores de engenho e pessoas poderosas possuíam bandas de escravos que faziam música, tanto nas senzalas e nos terreiros, quanto nas salas de estar das casas grandes, festas da igreja e ocasiões festivas dos povoados, dominando um vasto repertório, erudito e popular.

O Lundu era tocado nas classes baixas, nas periferias, por pequenas bandas com temáticas tristes e lamentos. E nas classes mais abastadas com um viés mais romântico e poético, com grande influência das Modinhas.

Nessa época, surgia na Europa o conceito de concertos públicos e peças para 2 vozes e 2 instrumentos, o que influenciou também o Lundu e fez com que se espalhasse mais ainda por todo o nordeste. Em Pernambuco, a manifestação era mais rural, conduzida por dois tocadores de Viola e cantada no sistema de desafio, com versos de improviso, semelhante aos repentistas e emboladores atuais.

No final do século 18, o Lundu virou febre em Lisboa com sua música e sua dança. Ficou conhecido como a “Dança Venturosa” por conta das umbigadas.
Partiu de uma manifestação folclórica/religiosa (Semba/Calundu), passou a ser popular (Lundu-dança), ganhou erudição, foi apresentado nos grandes teatros e teve suas partituras aprimoradas pelos melhores músicos europeus da época (Lundu-canção), até voltar a ser popular (bailes populares).

Com a mudança da família real para o Brasil, em 1808, o rei tentou levar o máximo da modernidade para o Rio de Janeiro, importando artistas e professores de música e dança europeus. Fato que colocou mais tempero na mistura que já estava quente e cheia surpresas.

No início do século 19, surge o Fado, que aos poucos viria a tomar o espaço do Lundu na cena cultural europeia. Continuou existindo no Brasil no formato de Lundu-canção. O Fado e a Chula são os descendentes que o Lundu deixa no velho continente.

No nordeste, o Lundu deixou de existir nas cidades, mas sobreviveu no interior, passando por um processo evolutivo constante até ser resgatado e ressurge como um produto de mídia, usando seu apelido: Baião.

No início do século 20, quando a tecnologia de gravação e reprodução de áudio evoluiu e chegou ao Brasil, permitindo que discos fossem gravados, produzidos e publicados em território nacional, o Lundu ainda estava em alta, tanto que foi escolhido para a primeira gravação brasileira.

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Cap08.02 – Samba – Livro – O que é o Forró? (2022)

No Brasil colonial, o nome Samba era utilizado para denominar o encontro musical e de dança do Calundu. Em Angola, “Kusamba”, significa “rezar” ou “celebrar”.

No Congo, Samba significa “Dançar a dança da divinação”. Hoje podemos observar semelhanças desses rituais no Jongo, onde as pessoas cantam, divertem-se, rimam, comunicam-se, batucam e dançam, eventualmente, até atingir a epifania.

Com o tempo, e já sem o caráter religioso, os Sambas passaram a ser chamados também de Forrobodós, Arrastapés e Pagodes.

De forma que a festa ancestral Samba e o ritmo Samba atual são coisas muito diferentes. Naturalmente, a musicalidade que ocorria nos Calundus do século 17 deu origem a toda a musicalidade brasileira.

Entretanto, a origem etimológica também encontra fundamento a partir da música e da dança ritual do Semba.

Em Angola, o Semba era um tipo de música e um tipo de dança de celebração, executadas em comemorações, como casamentos, nascimentos, pedidos de boa colheita e em cultos à Deusa das Águas.

As movimentações retratavam a vida de casado, por isso possuíam o viés sensual/erótico. Elementos dessa e de outras danças se misturavam e faziam parte da dança do Lundu, que era uma prática recreativa e social nos Sambas.

O Lundu reúne em si, anos e anos da musicalidade brasileira, coreografias e movimentações do Semba, misturados com elementos de diversas danças e músicas africanas da região do Congo e Angola, que eram levemente diferentes de tribo para tribo, de região para região, mas sempre similares na imparidade rítmica.

Zabumba Samba:

Em meados do século 19, em São Paulo e Rio de Janeiro, o Lundu, também denominado de Chorado, miscigenou-se com a Polca e, passando pelo Maxixe, evoluiu para o ritmo que conhecemos hoje como Samba.

Antes disso, as nomenclaturas Maxixe, Forrobodó e Chinfrim, eram sinônimos para o baile em habitações modestas, nas quais as pessoas lotavam as pequenas salas e ficavam apinhadas, assim como as sementes no fruto do Maxixe.

Simplificando ao máximo, podemos dizer que o ritmo Samba é filho do Lundu, que por sua vez é filho do Semba e dos Calundus.

Em diferentes estados brasileiros, recebeu variadas influências e em cada lugar adotaria múltiplos ‘sotaques’. Usar a palavra sotaque para essa definição é apenas uma metáfora, pois, ritmicamente o Samba é sempre Samba, com variações e diferentes andamentos.

Samba de Coco, de Roda, de Breque, Enredo, Samba-canção, Choro, Samba-rock, de Partido Alto, Sambalanço, Samba Matuto, de Gafieira, Bossa Nova, Pagode, Maxixe, Carioca, Paulista, Sambandido, entre outros.

Com o aparecimento de novos ritmos miscigenados que também se auto intitulavam Samba, as manifestações tradicionais com características do Lundu, como o Samba de Roda, assumiu a definição: ‘…de Roda’ para se diferenciar das derivações que passaram a surgir.

Parte do livro: O que é o Forró? Um pequeno apanhado da história do Forró./ Ivan Dias e Sandrinho Dupan. 2022 ISBN978-65-997133-0-9
Projeto contemplado pela 2a Edição do Fomento ao Forró, da “Secretaria Municipal de Cultura” da cidade de São Paulo.

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Cap08.03 – Coco – Livro – O que é o Forró? (2022)

O ritmo Coco é remanescente direto do Lundu. Tornou-se a base para a construção de boa parte da música brasileira. Chamamos de Coco hoje, mas podemos notar, preservadas em manifestações contemporâneas, muitas semelhanças com o Lundu que era tocado e dançado no final do século 18 e início do século 19, em cada estado o ritmo se misturou e evoluiu de diferentes formas.

Os Bantus, durante séculos, não tinham escrita e a cultura era passada oralmente de geração para geração. Essa habilidade natural de cultivar as palavras e o hábito de debater e de trocar informações fez com que, dentro do cativeiro, proibidos de falar em outro idioma que não o português, nos cantos de trabalho ou lazer, usando estrutura de canto e resposta, surgissem letras de improviso, desafios com trocadilhos, metáforas e temas subentendidos que iludiam os seus captores.

A partir da segunda metade do século 16, nos quilombos, as populações eram compostas por negros, mulatos, cafuzos, mamelucos, indígenas e brancos. Os ex-escravos de origem africana misturaram seus ritmos, sua percussão e sua dança, com melodias e harmonias europeias, acrescidas das influências das cantorias, Flautas e percussões dos indígenas brasileiros.

Na Paraíba e em Pernambuco, era chamado de Samba de Coco e com o tempo evoluiu para apenas Coco, evoluiu a partir de um canto de trabalho, com estrutura de canto e resposta, acompanhado por percussões diversas.

Coco de Mestre Benedito:

Nas suas formações ancestrais, normalmente a instrumentação era composta por 3 tambores de diferentes tamanhos e timbres, que fazem Vozes e figuras distintas, e quando tocados concomitantemente, dialogam e se complementam, formando o ritmo.

A nomenclatura Coco é genérica, significa dança, encontro, música e a “brincadeira” que, dependendo das influências regionais, ganhou quatro tipos de variação:

Coco Caiana dos Crioulos

Existem inúmeras maneiras de se dançar o Coco, em diferentes locais com nomes diferentes. Pode também ser dançado em pares enlaçados, mas ainda se dança o Coco de uma forma similar às danças ancestrais africanas, com elementos do Semba, como a formação em roda e as umbigadas.

O Coco normalmente é associado ao paraibano Jackson do Pandeiro, o Rei do Ritmo. Antes de ir para cidade de Campina Grande, ele absorveu esse conhecimento ancestral durante sua infância, pois cresceu frequentando as rodas de Coco da região do Brejo Paraibano. Herança cultural de sua mãe, coquista e ex-quilombola, com quem teve suas primeiras vivências musicais.

Antes de Jackson, o Coco vinha “se tornando social” (urbano), permeava dos terreiros de fazendas e engenhos para ser absorvido pela urbe. Sua célula rítmica básica seria simplificada, ou resumida. Era tocado com Ganzás, Alfaias, diferentes Tambores, palmas e o Trupé (percussão corporal).

Zabumba Coco:

Jackson introduziu e adaptou instrumentos modernos, tanto harmônicos quanto percussivos (principalmente o pandeiro) ao seu estilo inigualável de cantar Coco. Foi responsável pela ‘urbanização’ do ritmo Coco, que hoje tem sua imagem muito associada ao Pandeiro, por conta dele.

Parte do livro: O que é o Forró? Um pequeno apanhado da história do Forró./ Ivan Dias e Sandrinho Dupan. 2022 ISBN978-65-997133-0-9
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Cap08.04 – Baião – Livro – O que é o Forró? (2022)

Baião é a abreviação da palavra “baiano”, gentílico de quem nasce na Bahia, importante estado nordestino, berço da identidade cultural da nação.

O Baião tem sua origem no Lundu, ritmo e dança que se espalharam, em meados do século 18, a partir do recôncavo baiano, subindo o Rio São Francisco, por todo interior nordestino. Dessa forma, o Lundu, por ser um ritmo vindo do litoral, era chamado de Baiano. Com uma simples corruptela chegou-se ao nome Baião.

Triângulo Baião: (toque comum para a maioria dos ritmos)

Ritmicamente, a célula básica do Lundu foi simplificada durante o processo de adaptação da sonoridade dos 3 tambores rituais africanos para apenas um instrumento, passando primeiramente para o Melê e em seguida para o Zabumba. Durante séculos foi lapidada e evoluiu até chegar hoje ao que conhecemos como ritmo Baião.

Gilberto Gil, regravou em 2001, no álbum “Viva São João”, ao vivo, a música “De onde vem o Baião”. O interessante é que o acompanhamento instrumental, ritmicamente, lembra mais os Lundus antigos do que os clássicos Baiões de Gonzaga. O que nos leva a crer que nesse arranjo Gil estava querendo nos mostrar exatamente de onde vem o Baião.

Luiz Gonzaga é considerado o criador do ritmo Baião, por ter formatado, urbanizado, sido o primeiro a gravar o ritmo e o seu principal difusor. Até então, não era considerado um gênero musical. Entretanto, era uma expressão que já existia e vinha evoluindo há algumas gerações antes dele nascer.

O Baião foi um dos nossos primeiros produtos de mídia. O Lundu-canção já existia e havia caído em desuso, de forma que esse “novo” nome foi usado para repaginar, lapidar e vender o produto, assim inventando uma moda nacional.

Após muitas experiências com diferentes instrumentos para acompanhar o acordeon, “Seu Lua” trouxe da sua memória afetiva de criança a base dos Ternos de Zabumba, as Bandinhas de Pífano de sua infância, sua musicalidade e sua mobilidade.
Ele observou o equilíbrio sonoro da formação musical da Chula Portuguesa e depois de algumas experiências com diferentes instrumentos percussivos, concluiu que a formação mínima para se tocar Forró é “Sanfona, Zabumba e Triângulo” – o famoso “Trio de Forró”.

Zabumba Baião:

Já no final dos anos de 1940 e durante a década de 1950, o Baião foi exportado para o mundo, em filmes brasileiros e estrangeiros. Foi registrado em inúmeras gravações de bandas e orquestras de todos os continentes, influenciando gerações. Na década seguinte, o Baião perdeu espaço para a Bossa Nova e o Rock-and-roll, ficando restrito aos bailes e ambientes das festas e casas de Forró.

Parte do livro: O que é o Forró? Um pequeno apanhado da história do Forró./ Ivan Dias e Sandrinho Dupan. 2022 ISBN978-65-997133-0-9
Projeto contemplado pela 2a Edição do Fomento ao Forró, da “Secretaria Municipal de Cultura” da cidade de São Paulo.

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