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Chaveco da Paraíba – Linguiça com ovo

Até então, pra quem só conhecia o compacto do Chaveco da Paraíba, com a música “Mulher do bicho”, era parte desse LP.

Sanfonas de Siriaco e Arlindo dos 8 Baixos.

Como pode-se imaginar, a temática do disco é toda de duplo sentido. Divirtam-se.

Chaveco da Paraíba – Linguiça com ovo
1988 – Brasidisc

01 O cachorro marajá (Chaveco da Paraíba)
02 Papai eu quero um marido (Chaveco da Paraíba – Celestina)
03 Lamento do boia fria (Chaveco da Paraíba – Gilberto Trida)
04 Casa de farinha (Chaveco da Paraíba – Zé Francisco)
05 Sustância de lavrador (Chaveco da Paraíba – Celestina)
06 Romaria em Canindé (Chaveco da Paraíba)
07 Linguiça com ovo (Sebastião Ferreira – Chaveco da Paraíba)
08 O parque é do povo (Chaveco da Paraíba – Eraldo Cesar)
09 Nordestino braço forte (Pedrinho Bubula – Serafim)
10 A mulher do bicho (Chaveco da Paraíba – Zé Francisco)
11 Zé Perro Marajá (Chaveco da Paraíba; Tradução Luiz Spotti)
12 Mandinga (Chaveco da Paraíba – Pedro Benedito)

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Elsa Maria – Princesinha dos 8 Baixos

Esse é o único disco que consegui garimpar da Elsa Maria.

O repertório passeia por diversos ritmos do forró, mostrando maestria em sua execução.

Quase todas as composições são da Elsa Maria em parceria com Neira.

Elsa Maria – Princesinha dos 8 Baixos
Esquema

01 Pititi no forró (Elsa Maria)
02 Pé de mesa (Elsa Maria)
03 Segurando o 8 Baixos (Elsa Maria – Neira)
04 Lembrando meu pai (Elsa Maria – Neira)
05 Forró em Paulistinha (Elsa Maria – Neira)
06 8 Baixos seguro (Elsa Maria – Neira)
07 Forró do Chico (Elsa Maria – Neira)
08 Lourinha no frevo (Elsa Maria – Neira)
09 Comparando Zé Calixto (Elsa Maria – Neira)
10 Forró do Zé Inácio (Elsa Maria – Neira)
11 Forró em Muralhas (Elsa Maria – Neira)
12 Viajando a pé (Elsa Maria – Neira)

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JACKSON DO PANDEIRO, Os ritmos do rei – Texto de Sandrinho Dupan (2015)

Trabalho final para disciplina de metodologia cientifica apresentado ao curso de Letras Espanhol, da Universidade Estadual da Paraíba. CAMPINA GRANDE – PB – Prof. Dr Sebar Andrade

Resumo

O presente instrumento de estudo investigou através dos áudios da discografia de Jackson do pandeiro, o motivo pelo qual ele era chamado por todos de “Rei do Ritmo”, tendo em vista que foram 137 discos entre: compactos simples, compactos duplos, LPs e coletâneas, ao longo de décadas de carreira. O seu primeiro disco, gravado em 1953, trouxe de cara um grande sucesso: “Sebastiana” de Rosil Cavalcanti; e em seu último disco, gravado em 1981, Jackson gravou vários ritmos como: samba, coco, xote, rojão, frevo, maracatu, marcha, polca, maxixe, Rancheira, carimbó, arrasta-pé, entre outros.

1.Introdução

O referido estudo de observação da música e obra de Jackson do Pandeiro, tem como objetivo apresentar, identificar, catalogar e mapear os principais ritmos gravados por ele ao longo de sua carreira e assim entender o porque do pseudônimo de Rei do Ritmo. São mais de 22 ritmos identificados e vários outros que são fusões de células rítmicas diferentes, o que torna sua música única e motivo de curiosidade por alguns pesquisadores.

Essas características observadas de forma cronológica são perceptivelmente notadas quando se faz um paralelo entre a gravação de cada canção e onde ele vivia naquele determinado momento de sua vida. Como mostra sua biografia, podemos dividir a vida de Jackson em 5 fases, sendo a primeira em sua terra natal Alagoa Grande-PB na qual se descobre musicalmente; o segundo momento em Campina Grande-PB, quando teve contato de fato com a música profissional; o terceiro momento em João Pessoa-PB, quando faz parte da orquestra da Rádio Tabajara; o quarto momento se dá com sua ida para a grade de artistas da Rádio Jornal do Comércio de Recife-PE; e no quinto momento, no Rio de Janeiro quando faz parte da grade de artistas da Rádio Nacional e assim ficando conhecido por todo País.

2.Perfil de Jackson do Pandeiro, o “Rei do Ritmo”

No dia 31 de agosto de 1919, nascia José Gomes Filho, que todos nós conhecemos por JACKSON DO PANDEIRO, na cidade de Alagoa Grande no brejo paraibano, numa casinha paupérrima dentro dos limites das terras do Engenho Tanques. Filho do oleiro José Gomes e a dona de casa e também coquista (cantora de coco) Flora Maria da Conceição, que atendia pelo pseudônimo de Flora Mourão, ela foi a primeira grande influência musical daquele que futuramente seria intitulado o “Rei do Ritmo”.

Seu nome artístico curiosamente nasceu de um apelido que ele mesmo se deu, nas brincadeiras de criança ele se chamava de Jack, inspirado em um mocinho de filmes de faroeste da época, Jack Perry. A transformação para Jackson se deu de forma gradativa. Inicialmente se chamava Zé Jack, passando por Jack do Pandeiro e depois chegando a Rádio Jornal do Comércio de Recife em Pernambuco, tornou-se Jackson do Pandeiro, por sugestão do diretor de programa de rádio Ernani Séve. Ele dizia que ficaria mais sonoro e causaria mais efeito quando fosse anunciado.

Sua trajetória musical começa ainda muito criança, acompanhando a mãe nas rodas de coco em sua região, e com a migração para Campina Grande, na Paraíba, Jackson teve contato com outros com outros gêneros musicais. Campina Grande passava pela época áurea do algodão, com vários cabarés, bares, salões, e um dos mais famosos e luxuosos cassinos da época, o cassino El Dourado, o que gerava possibilidades incríveis de sonoridades e contato com vários ritmos como: Samba, Bolero, Jazz, Valsa, Fox “que ele não gostava, mais tinha que tocar”.

Naturalmente, essa vivência veio a se tornar sua segunda grande influência musical, convivendo com músicos como: Geraldo Correia, Zé Calixto, Genival Lacerda, entre outros. Anos depois, indo para a capital paraibana João Pessoa, juntou-se a grandes músicos no cast da Rádio Tabajara, e em 1948 mudou-se para a capital Pernambucana para fazer parte do time de artistas da Rádio Jornal do Comércio.

Somente em 1953, com trinta e cinco anos, Jackson gravou o seu primeiro grande sucesso: “Sebastiana”, de Rosil Cavalcanti. Logo depois, emplacou outro grande hit: “Forró em Limoeiro”, rojão composto por Edgar Ferreira.

Atraindo os olhos do Brasil, naturalmente surgiu o convite para mudar-se para o Rio de Janeiro. Já trabalhando na Rádio Nacional, Jackson alcançou grande sucesso com “O Canto da Ema”, “Chiclete com Banana” e “Um a Um”. Os críticos ficavam abismados com a facilidade de Jackson em cantar os mais diversos gêneros musicais: Baião, Coco, Samba, Xote, Rojão e Arrasta-pé, além de marchinhas de carnaval.

O fato de ter tocado tanto tempo nos cabarés aprimorou sua capacidade jazzística. E também a sua famosa maneira de dividir a música e seus compassos, diz-se que o próprio João Gilberto aprendeu a dividir com ele. Muitos o consideram o maior ritmista da história da Música Popular Brasileira, e, ao lado de Luiz Gonzaga, foi um dos principais responsáveis pela nacionalização de canções nascidas no ventre do povo nordestino.

O músico multi-instrumentista Hermeto Pascoal lhe chamava de “O santo dos ritmos”. Sua discografia compreende mais de 30 álbuns lançados no formato LP. Podemos destacar alguns álbuns, desde sua primeira gravação “Forró em Limoeiro”, em 1953; passando por discos antológicos como: “Sua majestade o Rei do Ritmo”, em 1960; “É batucada!”, de 1962, disco que se destaca por ter gravado apenas sambas; “Sina de cigarra”, de 1972; até o último álbum, “Isso é que é Forró!”, de 1981. Foram 29 anos de carreira artística, tendo passado por inúmeras gravadoras e gravado mais de 400 canções ao longo de sua carreira.

Certa vez em uma entrevista ele falou: “Eu sempre quis mesmo ter nascido na Paraíba, porque se não tivesse nascido por lá, talvez as forças divinas não tivessem me dado o dom que me deram: O de tocar esse pandeiro que me trouxe até cá.”

3. O que é Ritmo musical, Gênero musical, e Estilo musical:

3.1 – Ritmo:

De acordo com os estudos de Bonna (sem data) para se falar de Ritmo é importante lembrar que a música “divide-se em três partes, sendo: Melodia, Harmonia e Ritmo. Na qual Melodia é a combinação de sons sucessivos dados uns após outros (as notas musicais), a Harmonia é a combinação de sons simultâneos (dados de uma só vez: um acorde), e o RITMO é a combinação dos valores atribuídos dentro do compasso. Na notação musical, um compasso é uma forma de dividir quantitativamente em grupos os sons de uma composição musical, com base em pulsos e repousos. Muitos estilos musicais tradicionais já presumem um determinado compasso, a valsa, por exemplo, tem o compasso 3/4 e o samba tipicamente usa o compasso 2/4.

3.2 – Gênero musical:

Gêneros musicais são categorias que contêm peças musicais que compartilham elementos em comum. Os gêneros definem e classificam músicas em suas qualidades. Entre os diversos elementos que concorrem para a definição dos gêneros, pode-se apontar:

Instrumentação (quais instrumentos são mais frequentemente usados);
Texto (conteúdo sacro, profano, romântico, lírico, etc.);
Função (prelúdio, encerramento, dança, ritual, etc.);
Estrutura (linear, segmentada, repetitiva, etc.);
Contextualização (local de interpretação, contextualização geográfica, contextualização cronológica, contextualização etnográfica etc.).

Alguns gêneros, como a música indiana, são definidos geograficamente; outros, como música barroca, são definidos cronologicamente. Outros são definidos por requerimentos técnicos. Outros gêneros, por outro lado, são um tanto vagos, e suas definições podem ser criadas pelos críticos; post-rock, por exemplo, é um termo definido por Simon Reynolds. Dizer que uma música é do “gênero Romântico” é simples, mas o explicar o porquê da música ser deste gênero exige uma análise mais profunda, definindo as características do romanticismo nas diversas regiões e nos diferentes autores, línguas, formas musicais etc.

3.3 – Estilo musical:

Depois de observar o que é Gênero musical, fica bem claro que Estilo musical nada mais é que a característica que o artista decide seguir em sua trajetória musical, por exemplo o cantor do Gênero Forró pode optar por gravar prioritariamente canções românticas no ritmo de xote, o que vai levar o seu público a caracteriza-lo com um cantor de estilo romântico, como exemplo podemos citar: Flávio José.

4.Os Ritmos do Rei:

O título de “Rei do Ritmo” não foi à toa. Passeando pela obra de Jackson do pandeiro é muito comum se deparar com uma variedade imensa de ritmos, como:

4.1 O samba e suas subdivisões:

O Samba, junto com Rojão e coco, foi um dos ritmos mais gravados por Jackson sendo mais de 110 sambas gravados, e foi justamente um samba, um de seus maiores sucessos, a música CHICLETE COM BANANA, composição de Gordurinha e José Gomes, gravado pela primeira vez em 1959, selo Columbia. E em 1962 também saiu na coletânea intitulada “O melhor de Jackson do Pandeiro”, pela gravadora CBS. Porém ela veio a explodir no âmbito nacional em 1970, justamente pelo contexto textual da canção, pois é uma crítica a invasão da música norte-americana que acontecia no cenário brasileiro daquela década.

O Samba de Roda podemos considerar o pai de todas as formas de samba, pois vem das rodas feitas pelos escravos para dançar e jogar capoeira, e daí a expressão roda de samba, que tem sua origem no recôncavo Baiano, é um ritmo afrodescendente forte e arrebatador. Em 1976, Jackson gravou um samba de roda seu em parceria com Nivaldo Lima, intitulado TREZE DE MAIO no disco “Alegria minha gente”, selo Alvorada/Chantecler.

Samba de latada, alguns estudiosos desconhecem esse ritmo e simplesmente o nomeiam como samba, porém os registros nos mostram que é um tipo de samba, onde a diferença não está célula rítmica, e sim no instrumento utilizado, pois a função do surdo usado no samba tradicional é executado, pelo zabumba, porém mantendo o mesmo desenho rítmico. Que é facilmente observado na canção DIA DE BEIJADA, de 1964, composta por Zeca do Pandeiro e Nelson Xavier, no disco “Tem jabaculê”.

O Swing é uma das subdivisões do samba. É o samba que não fica preso aos elementos tradicionais, como cavaquinho, violão e pandeiro, e adiciona elementos mais contemporâneos como piano, contra baixo, abertura para improvisos etc… Isso é muito perceptivo na música É SÓ BALANÇO, de 1964, composição de Barbosa da Silva e José Batista, no LP “Coisas nossas”, lançado pela gravadora Philips.

Marchinhas de Carnaval foram várias, pois era muito comum as gravadoras produzirem disco avulsos, chegando a gravar 10 discos no mesmo ano, como em 1959. As marchinhas tinham uma característica bem particular que é era o humor implícito nas canções, como por exemplo: PAPEL CREPOM, de 1962, composta por Almira Castilho e Paulo Gracindo.

4.2 Os ritmos nordestinos:

Forró, o pai dos ritmos nordestinos, também se fez presente no seu repertório, em algumas canções podemos destacar a música AQUILO BOM, de 1961, canção composta por Jackson do Pandeiro e José Batista, na canção ele fala como se davam os forró nas boates do Rio de Janeiro.

O Xote, um dos ritmos mais tradicionais da música nordestina, Jackson não deixou de fora de seu repertório e gravou vários, como na canção muito bem humorada e muito bem elaborada NEM VEM QUE NÃO TEM, música de 1972, do LP “Sina de cigarra”, composição de José Orlando.

O Baião, ritmo ao qual Luiz Gonzaga foi rei, Jackson não podia deixar de fora de sua obra, afinal o Baião é dos principais ritmos nordestinos. A exemplo de ÊTA BAIÃO, canção de 1954, que fala do surgimento do ritmo.

O Xaxado, ritmo que tinha Marinês como rainha e ficou muito popular por ser a dança preferida pelos cabras de Lampião, mais um dos populares ritmos nordestinos, porém curiosamente Jackson gravou apenas um xaxado em sua discografia, a canção QUERO APRENDER, em 1973, de Marimbondo e José Gomes Filho.

O Arrasta-pé ou Marchinha Junina, naturalmente é um outro ritmo muito popular no nordeste Brasileiro, e quase que obrigação em um disco do gênero ter um popular arrasta-pé. Jackson gravou vários, mas podemos destacar ASSUNTO NOVO, de 1963, composta por Rosil Cavalcanti; e MORENA BELA, de 1971, canção do grande Onildo Almeida e Juarez Santiago, sendo essa regravada anos depois por Chico Buarque.

O Rojão é outra grande fonte de sucessos que Jackson, dentre os vários gravados, podemos dar um destaque especial a canção ALÔ CAMPINA GRANDE, de 1977, música composta pelo saudoso Severino Ramos, que em sua letra enaltece a vocação acolhedora de Campina Grande, como lhe é peculiar.

O Coco, ritmo que Jackson mudou sua estrutura tradicional, que originalmente era ganzá, alfaia ou melê, voz e dança. Ele adicionou o seu pandeiro, que virou uma marca tão expressiva que hoje não se pensa em coco sem o pandeiro. Um de seus grandes sucessos foi CANTIGA DO SAPO, de 1959, canção que fazia menção a sua terra natal Alagoa Grande-PB.

O Coco Praiano é o que podemos chamar de pai dos cocos, pois é o coco da zona da mata, inicialmente tocado pelos escravos e que também fez parte da discografia de Jackson do Pandeiro, como na música BALANÇA MOÇADA, da coletânea “O fino da roça”, de 1969, composta por Jackson do pandeiro e Manoel Vaz.

O Frevo, um dos ritmos brasileiros mais genuínos. Jackson gravou vários, e teve um papel muito importante na aceleração do andamento do Frevo, pois até a gravação da canção MICRÓBIO DO FREVO, o frevo era tocado numa cadência mais lenta, pois era muito influenciado pelos frevos canções. E a partir de 1954, quando gravou essa música composta pelo também Paraibano Genival Macedo, observou se uma nova forma de se tocar o ritmo.

O Maracatu, um ritmo de forte influência africana, que no Brasil fez sua morada em Pernambuco. E Jackson lembrando o tempo de sua estada em Recife-PE, gravou a canção BUMBA MEU BOI, de 1961, composição de Jackson do Pandeiro e Nivaldo Lima.

4.3 As danças de salão e danças populares:

O Maxixe também esteve presente no repertório, pois se trata de uma dança de salão muito popular no inicio do século passado, no Rio de Janeiro, e por ter tocado em várias gafieiras, recebeu essa influência. Isso fica claro na música PARABÉNS GUANABARA, de 1965, composta por Luiz Moreno.

A Polca, dança oriunda da Europa que embalou os salões por muito tempo, também se fez presente no repertório de Jackson, como por exemplo na música RIO QUATROCENTRÃO, gravada em 1964, e composta por Vicente Amar, no disco “Coisas nossas”.

O Calango é um ritmo musical característico da cultura fluminense rural, tocado em bailes e festas do interior, fez parte da discografia de Jackson com a canção VIVA SÃO JOÃO, de Jackson e Buco do Pandeiro, no disco “São João autêntico”, de 1980.

4.4 Outros:

A Rancheira é um ritmo típico da região sul do Brasil, que Jackson incluiu em sua vasta discografia com canções como: MUIÉ MODERNA, de 1962, do LP “São João alegre”, composta por Jackson do Pandeiro e Nivaldo Lima. E a canção DONA TOTONHA, de 1976, composta por Tony Graça e Alventino Cavalcante.

O Reisado, ritmo com origem religiosa e europeia, e que ganhou seu espaço na música profana. Jackson gravou algumas como a música RAINHA DA TAMBA, de 1977, composta pelo grande Zé do Norte. Que aborda a escravidão e a colonização Portuguesa aqui no Brasil.

O Carimbó é um ritmo de influência indígena e africana, muito tradicional na região norte do Brasil. Também fez parte do repertório do Rei do Ritmo, como ROUBEI A MOÇA, de José Gomes Filho, em 1975.

A Cumbia, ritmo muito tradicional em toda América latina, sua origem é da Colômbia, todavia alguns países como: Argentina e Venezuela tem uma tradição muito grande no ritmo. E Jackson incluiu em seu repertório com a canção TENHA DÓ DE MIM, de Jackson e Ivo Marins do LP “Aqui tô eu”.

O Cha cha cha, ritmo que surge de uma fusão com o mambo e se populariza por seu passo doble, entrou no repertório de Jackson com a música XAROPE DE AMENDOIM, de Severino Ramos e Paulo Patrício, do disco “Tem mulher tô lá”, de 1973.

World Music: a regravação da canção “Procurando tu”, em que não podemos tecnicamente definir um único ritmo, pois na mesma ele usa elementos da música latina como o guiro e usa elementos da música contemporânea como o sintetizador, um elemento trazido dos Estados Unidos da América em meados da década de 1970, muito moderno para a época. O que se encaixa perfeitamente no conceito de World Music, que nada mais é do que fusões de música do mundo. Ou seja, nos anos de 1970, Jackson já fazia o que hoje os especialistas chamam de World Music.

5.Considerações Finais:

Observado todos os discos, biografia, livros sobre ritmos e estudos relacionados a obra de Jackson, é muito notável a razão pela qual Jackson do Pandeiro levou popularmente o título de Rei do Ritmo, pois sua música começa em sua terra natal na sua raiz mais pura “o coco” e vai adicionando valores, ritmos, e miscigenações rítmicas por onde passou.

De Campina Grande e suas gafieiras acumulou aos cocos outros elementos oriundos dos forrós, rojões, baiões, xotes e arrasta-pés. Em sua passagem por João Pessoa adquire a importante bagagem de tocar na banda base da Rádio Tabajara, tocando ritmos como baladas, boleros e outros ritmos latinos. Da Rádio Jornal do Comércio do Recife, somado aos ritmos já citados, trás os elementos de cultura popular como Maracatu, frevo, reisado, etc… O Rio de Janeiro coroa a sua música como urbana e cosmopolita, lhe tornando um sambista nato com mais de 100 sambas gravados ao longo de sua carreira.

Por essas e outras razões não é exagero chamar de Rei do Ritmo, este que encerra a carreira em 1982 com sua morte, deixando um legado incrível de obra e ensinamentos.

Para alguns dos principais nomes da música popular Brasileira como: João Bosco, em entrevista ao programa arquivo nacional da globo News, disse: “Jackson sobrava. Ele foi uma das maiores escolas de canto do Brasil, pois brincava com a divisão da música. Ele sobrava…”, assim como outros famosos que referenciam o seu trabalho até hoje, como: João Gilberto, Gilberto Gil, Elba Ramalho, Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Lenine, Silvério Pessoa, Zé Ramalho, Chico Cesar e Seu Jorge, entre outros.

6.Referências:

Discografia do artista. Pesquisa executada escutando, analisando e escrevendo sobre cada canção: curiosidades como ano de gravação, compositores, gravadora, letras, detalhes e etc.. de todos os áudios dos seus 137 discos. Pesquisa realizada para o acervo do MAPP (Museu de Arte Popular da Paraíba) popularmente chamado de Museu dos 3 Pandeiros.

Livro “Jackson do Pandeiro o Rei do Ritmo”, editora 34, publicado em setembro de 2007, de Moura, Fernando e Vicente, Antônio.

Livro “Dicionário de ritmo” Publicado em agosto de 2011, pela editora SMD Ltda – ME, a obra pertence à Escola de Língua Musical SMD Jack Lima, da cidade de Monte Alegre do Sul – SP.

Site www.bibliotecaderitmos.com.br

Entrevista com artistas como: Biliu de Campina, fiel seguidor; Geraldo Coreia, amigo e companheiro de boemia de Jackson; Marcos Farias, músico da gravadora CBS na época; Parafuso d’Os 3 do Nordeste, único remanescente da primeira formação do grupo que foi a gravadora CBS por indicação de Jackson, que foi o responsável pela mudança do nome de Trio Luar do Sertão para Os 3 do Nordeste.

Revisão: Ivan Dias

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Dedé do Cantinho de Itaporanga – Compacto Duplo

Colaboração do Lourenço Molla, de João Pessoa – PB

Um raro compacto duplo, produzido pela lendária fábrica de discos Rozemblit.

Até onde pude descobrir é o registro único de um tocador que atravessou e influenciou gerações de tocadores de oito baixos.

Dedé do Cantinho de Itaporanga – Compacto Duplo
1983 – Rozemblit

01. O galo (Dedé do Cantinho)
02. Serrote preto (Dedé do Cantinho – Isidro Madeiro)
03. Choro 70 (Dedé do Cantinho – Zé Cascavel)
04. Chorinho em Dó menor (Dedé do Cantinho)

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Severino Januário – Chegou São João

Frente

Colaboração do Lourenço Molla, de João Pessoa – PB

Selo ASelo B

Esse disco é uma coletânea, seleção de repertório de Pedro Cruz.

Verso

Participação de João Silva cantando em 06 faixas.

Severino Januário – Chegou São João
1978 – RCA

01. Chegou São João (Araujo Sobrinho – Rangel)
02. Palmares (João Barone)
03. Sertão sofredor (Manoel Euzébio – Sebastião Rodrigues)
04. Confusão (João Barone – Olegário Bastos)
05. Nega fulô (Manoel Gomes de Mello)
06. Baianinho (João Silva)
07. Pagode sertanejo (Gerôncio Cardoso)
08. Forró do Barone (João Barone)
09. Casamento em Gararu (Dilson Dória)
10. História atrapalhada (João Barone)
11. Marinete (Severino Januário – Albuquerque)
12. Saudade de Montalvânia (Severino Januário)

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Helena de Lima – Uma noite no cangaceiro

capa

Helena de Lima, cantora dona de uma voz linda e marcante, nascida no Rio de Janeiro – RJ, ficou muito conhecida pelos sambas que gravou, mas pouca gente sabe que suas primeiras gravações, em 1950, 51 e 52, foram baiões em discos de 78 RPM.

seloaselob

Disco lançado originalmente em 1964, gravado ao vivo na boate “O Cangaceiro”, no Rio de Janeiro – RJ. Um balanço contagiante e a voz dela é de arrepiar.

verso

O engraçado é que hoje em dia a gente tem uma quantidade infinita de recursos técnicos e equipamentos de última geração, computadores e afinadores, mas não se consegue tirar um som tão perfeito quanto os caras tiravam no analógico, e ainda por cima Ao vivo.

Helena de Lima – Uma noite no cangaceiro
1964 – RGE

01
Na Cadência do Samba (Ataulfo Alves/Paulo Gesta)
Diz Que Fui Por Aí (Zé Keti/Hortêncio Rocha)
O Sol Nascerá (Cartola/Élton Medeiros)
A Fonte Secou (Monsueto/Tufic Lauar/Marcléo)
Mora Na Filosofia (Monsueto/Arnaldo Passos)
Na Cadência do Samba (Ataulfo Alves/Paulo Gesta)
02 Oitavo Botequim (Jota Júnior)
03
Ri (Luis Antônio)
Barracão (Luis Antônio/Oldemar Magalhães)
Chorou Chorou (Luis Antônio)
Ri (Luis Antônio)
04 Sinfonia do Carnaval (Helena de Lima/Concessa Lacerda)
05 Penumbra (Fernando César/Ted Moreno)
06 Ponto e Chuva (Fernando César/João Leal Brito ”Britinho”)
07 Aconteceu (Marisa Monroe/Evaldo Gouveia)
08 Desilusão (Concessa Lacerda)
09 Verdade da Vida (Concessa Lacerda/Raul Mascarenhas)

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Trio Nordestino, 60 anos de história – Texto de Ivan Dias

Trio Nordestino

O Trio Nordestino é, sem sombra de dúvida, o trio de forró mais longevo e importante da história da música. Podemos afirmar isso tranquilamente se observarmos a vasta discografia produzida pelo Trio durante esses últimos 60 anos e as diferentes formações que se sucederam, década após década, geração após geração, sem perder suas raízes e sua essência.

A história começa no final da década de 1950, a década do baião, na qual Luiz Gonzaga era a referência absoluta do forró, dentro do cenário da música brasileira.

José Pedro Cerqueira, conhecido como Cobrinha, nasceu em Serrinha – BA; Foi com apenas 1 ano de idade para a cidade de Feira de Santana – BA, onde cresceu e foi criado por uma tia, chamada Dona Maria.

Coroné, nome artístico de Evaldo dos Santos Lima, nasceu e cresceu em Salvador, onde conheceu Cobrinha e juntos fizeram parte do conjunto Azeitona e seus Vaqueiros

Na época, o sanfoneiro Azeitona gravou um compacto e começou a aceitar trabalhos individuais, já em carreira solo. Coroné e Cobrinha, insatisfeitos por não serem convidados para todas as apresentações do sanfoneiro, passaram a prospectar um novo sanfoneiro para com quem pudessem formar um trio.

Em 1958, receberam a indicação de Balbino do Rojão, cantor de embolada, para procurar Lindú, apelido de Lindolfo Mendes Barbosa, nascido em Entre Rios – BA, no distrito de Lagoa Redonda.

Lindú, trabalhava em uma oficina mecânica e tocava sanfona para Elias Alves, cantor, locutor de rádio e pai de Missinho (vocalista e compositor dos maiores sucessos da Banda Chiclete com Banana). Nessa época Lindú ainda não cantava, apenas tocava a sanfona, que por sua vez, pertencia ao Elias Alves.

Depois de algumas tentativas frustradas de encontrar Lindú, Coroné e Cobrinha foram pela sétima vez até a sua casa procurá-lo, quando finalmente conheceram aquele que viria a ser conhecido como “a voz mais bonita do Nordeste”, segundo Luiz Gonzaga. O apelido “Gogó de ouro” ele viria a receber posteriormente.

Lindú tocou algumas músicas e rapidamente convenceu Coroné e Cobrinha de que seria com ele que deveriam se juntar para formar o Trio Nordestino, fundado em 05/05/1958.

Passaram a tocar em Salvador e região, eles tocavam regularmente em uma casa de shows, chamada “Rumba Dance”, abrindo a noite para os artistas que vinham de fora, como por exemplo: Nelson Gonçalves, Cauby Peixoto, Ângela Maria e Bienvenido Granda, cantor cubano, de quem Coroné era grande fã.

Entretanto, quando fizeram a primeira apresentação em um programa de auditório, na Rádio Excelsior, de Salvador – BA, rapidamente a notícia se espalhou e Elias Alves soube que havia um cantor com a “mesma” voz de Lindú, que se apresentara à frente do recém surgido Trio Nordestino.

Por conta disso Elias pediu de volta a sanfona a Lindú, que lhe pertencia. Dessa forma o Trio foi obrigado a se desdobrar pra poder continuar se apresentando. Até que Coroné, com apoio de um grande empresário da cidade, conseguiu financiar uma nova sanfona e assim puderam dar continuidade a carreira.

Certa vez, quando Gordurinha, que era baiano e morava no Rio de Janeiro – RJ, voltou a Salvador para se apresentar na casa noturna onde o Trio tocava regularmente, a “Rumba Dance”. Naquela noite, ele assistiu uma apresentação do Trio e ficou muito bem impressionado, tanto que os convidou para procurá-lo quando fossem ao Rio de Janeiro.

Com essa nova perspectiva de ir para o sudeste e evoluir na carreira, o Trio então inscreveu-se na Aeronáutica (FAB) para pegar uma “carona” para o Rio de Janeiro. Inesperadamente foram chamados e embarcaram rumo ao Rio, sem sequer ter tempo de avisar o Gordurinha que estavam indo.

Chegaram no Rio de Janeiro e foram direto pra casa do Gordurinha, que, embora surpreso, os acomodou e juntos partiram em busca de uma gravadora. Após algumas tentativas sem sucesso, foram recebidos pela Copacabana, onde gravaram o primeiro disco.

A origem do nome

A primeira formação que usou o nome de Trio Nordestino, em 1957, foi Neném (José Domingos de Morais), Miudinho (João Batista de Lima Filho) e Zito Borborema (Manoel Valdivino de Souza). Dona Helena, esposa de Luiz Gonzaga, batizou o trio.

O grupo que acompanhava Luiz Gonzaga em seus shows era chamado de “Patrulha de choque do Rei do Baião”, era composto por Abdias, Marinês, Zito Borborema e Miudinho. Até que no final de década de 1950, perdeu Marinês e Abdias, que saíram para fazer suas carreiras solo.

Nessa época, todos eles moravam na fazenda do Gonzagão, no Rio de Janeiro, onde morava também Dominguinhos, que ainda era conhecido pelo apelido de “Neném”. Com isso Zito e Miudinho se juntaram a Dominguinhos e assim surgiu a primeira formação do trio, que passou a acompanhar o Rei do Baião em seus shows e excursionar pelo nordeste, mas infelizmente durou pouco tempo e não teve registros fonográficos.

Com a ascensão de Dominguinhos e de Zito Borborema para suas carreiras solo, o trio se desfez. Concomitantemente e de forma independente, na Bahia, surgia um novo Trio, formado por Lindú, Coroné e Cobrinha, que adotaram o nome de Trio Nordestino, de forma inocente, sem imaginar quanta glória os esperava.

Com o tempo, o Trio cresceu e finalmente, já no Rio de Janeiro, conheceu Luiz Gonzaga, que num primeiro momento, ainda desconfiado, manteve uma certa distância, mas após algum tempo, reconhecendo o talento do Trio, permitiu que se aproximassem e lhes ‘autorizou’ a usar o nome.

A disputa pelo nome

Além do primeiro trio a usar o nome, Dominguinhos, Miudinho e Zito Borborema, existiram outros dois Trios Nordestinos, ambos com carreiras artísticas estruturadas, produção fonográfica regular, agenda de shows, etc.

O trio formado por Lindú, Coroné e Cobrinha e o trio formado por João Xavier, Heleno Luiz e Toninho do Acordeon, que viria a ser sogro de Oswaldinho do Acordeon.

Houve uma grande disputa judicial pelo nome artístico. No julgamento, Marinês, Dominguinhos e Luiz Gonzaga foram testemunhas. Naquela sessão, o Rei, para comprovar qual dos trios era o real detentor do nome em disputa, cantou “Procurando tu” no tribunal. Após esse incomum ‘testemunho’, o Juiz deu ganho de causa para Lindú, Coroné e Cobrinha.

Quando o Trio foi notificado que o nome estava em disputa, por volta de 1972, ficou impedido de continuar se apresentando, o que fez com que seus integrantes começassem a pensar em alternativas de nomes para caso eles perdessem a disputa.

Um dos nomes a ser aventado foi “Os 3 do Nordeste”, nome que veio a ser utilizado por Abdias para batizar um outro trio que viria a assinar com a CBS em 1973, cujo nome até então era ‘Trio Luar do Sertão’, formado por Zé Pacheco, Parafuso e Zé Cacau.

Divisão de funções

No decorrer da carreira, cada um dos integrantes tinha sua função extra palco:
Coroné era responsável pelo figurino, relações públicas e correio;

Cobrinha era responsável pela venda de shows;

Lindú era responsável pela produção musical.

Discografia

De 1962 até 2018 são 42 álbum de carreira, sendo 30 LPs e 12 CDs. Sem contar os compactos, relançamentos e as inúmeras coletâneas das quais participaram e/ou tiveram suas músicas compiladas.

1962 a 1966 – Copacabana – 5 LPs
1966 a 1972 – CBS – 9 LPs
1973 a 1990 – Copacabana – 18 LPs
1991 a 1992 – RGE – 2 LPs
1997 até 2018 – 12 CDs

Formatos de mídia:

78 RPM

1962 – 78RPM – Copacabana (Chupando Gelo / Retrato da Bahia)

1962 – 78RPM – SOM (Carta a Maceió / Defesa de Baiano)

LPs

1962 – Trio Nordestino (sucesso: Carta a Maceió)
1963 – Pau de Arara é a vovozinha
1964 – Aqui mora o xaxado
1965 – O troféu é nosso
1966 – Coletânea – Os grandes sucessos do Trio Nordestino. Nesse ano o Trio saiu da Copacabana e foi contratado pela CBS (Atualmente Sony Music).
1967 – Amor pra todo lado – CBS
1968 – É forró que vamos ter
1969 – Estamos na praça – Neste ano, Lindú sofre um acidente automobilístico e fica em resguardo durante quase 1 ano. A pessoa na capa do LP não é o Lindú, e sim seu irmão Zezito, sentado em cima da sanfona Dallapé de Abdias.
1970 – No meio das meninas – O grande Hit do Trio foi “Procurando Tú”, vendeu mais de 1 milhão de cópias (número bastante expressivo para a época). Foi o segundo disco mais vendido do ano, sendo que o primeiro lugar ficou com o disco de Roberto Carlos. As modelos dessa capa são as mesmas da capa do LP Amor pra todo lado.
1971 – Ninguém pode com você
1972 – Renovação – (Último álbum gravado pela CBS)
1973 – Copacabana – Primeiro e único (O título faz referência a disputa judicial pelo uso do nome “Trio Nordestino”)
1973 – Vamos Xamegar (É um relançamento, pelo selo Tropicana, do LP “Amor pra todo lado”, de 1967)
1974 – Trio Nordestino – (Sucesso: Chililique)
1975 – Forró pesado
1976 – O alegríssimo
1977 – Estamos ai pra balançar
1978 – Os Rouxinhos da Bahia (Durante um show de Luiz Gonzaga, no Rio de Janeiro, oportunidade na qual o Trio se apresentaria em seguida, Gonzaga falou: Tá chegando ai: Os Rouxinhos da Bahia!) – (A capa do disco tem a sanfona que Lindú havia ganhado do Gonzagão, com a identificação LG – É DO POVO, presente recebido após uma turnê que fizeram juntos ao norte e nordeste em 1975, Gonzaga achou a sanfona de Lindú muito pesada e lhe presenteou com uma nova)
1979 – O Homem de saia
1980 – Corte o bolo
1981 – Ô bicho bom
1982 – Dia de festejo (Ano em que Lindú faleceu, durante o processo de gravação do LP que seria lançado no ano seguinte)
1983 – Amor pra dar (O disco conta com a curiosidade de que uma faixa havia sido gravada para o LP anterior – dia de Festejo – e não havia entrado no naquele álbum: “Não pise no pé dela”. Mais duas faixas com a voz guia deixada por Lindú, desde o início do processo de gravação: “Você nasceu pra mim” e “Amor pra dar”. As demais 9 faixas receberam a voz de Genário, que viria a substituí-lo a partir de então.
1984 – Com amor e carinho (Sucesso: Neném mulher)
1985 – Forró de cima a baixo
1986 – Forró temperado
1987 – Forró de Categoria
1988 – Na intimidade – Neste ano, por imposição da gravadora, o Trio grava ‘oficialmente’ um disco de duplo sentido
1989 – Festa do povão
1990 – Somos nós (Último disco gravado pela Copacabana)
1991 – Vale a pena ouvir de novo – vol.1 – RGE
1992 – Vale a pena ouvir de novo – vol.2 (Genário sai do Trio, voltando para sua carreira solo)

CDs

1997 – Xodó do Brasil
2000 – Nós tudo junto
2001 – Balanço bom
2003 – Baú do Trio Nordestino vol.1
2004 – Baú do Trio Nordestino vol.2
2006 – Meu eterno xodó
2008 – 50 Anos
2009 – O povo quer forró
2011 – Tá ligado doido
2012 – Na pisada
2013 – Bahia do Trio Nordestino
2017 – Trio Nordestino canta o Nordeste (Disco que ganhou o “Prêmio da Música Brasileira 2018”)

As diferentes formações

Em 1981 Lindú passa mal durante a gravação do programa “Os Trapalhões”, é medicado, volta pra casa e continua a passar mal. Mariazinha pede ajuda a Marinês, que era vizinha deles.

Marinês o leva para o Pronto Socorro e ai vem o diagnóstico de insuficiência renal crônica, fato que o impediria de viajar, a partir de então, por conta das sessões de Hemodiálise três vezes por semana.

Em seguida, neste mesmo ano, enquanto tocavam num forró, na Feira de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, conheceram Genário, que acabara de ser contratado pelo Rei do Baião, para acompanhá-lo em seus shows. Cobrinha pediu pra Luiz Gonzaga lhes ceder o sanfoneiro e ele consentiu.

Genário (José Egenaldo Marcelino da Silva), nascido em Tanque D’Arca, cidade do agreste de Alagoas, migrou para o Rio de Janeiro na adolescência. Na época em que recebeu o convite do Trio ele já despontava em sua carreira solo, tinha 4 LPs gravados e era bastante requisitado para participar de shows e gravações de discos de diversos artistas.

Por conta de não terem conseguido fazer ensaios com Lindú e Genário, e se aproximando o período de São João, Cobrinha e Coroné cogitam a possibilidade de cancelar os shows marcados, mas são estimulados pelos próprios contratantes a colocarem um substituto.

Sendo assim, foi chamado Quininho de Valente, amigo do Trio e compadre de Lindú, para cantar e acompanhar o Trio em sua excursão junina. Durante a viagem de carro para o primeiro show, Quininho e Genário se conheceram e combinaram o repertório em comum acordo com Coroné e Cobrinha.

Quininho (Joaquim Santos de Almeida) tinha sua carreira como cantor e era bem conhecido em Valente – BA e região por cantar todo o repertório do Trio Nordestino. Sempre se declarou um grande admirador do Trio, fato que facilitou a grande amizade entre eles, iniciada em meados da década de 1970, em especial com Lindú, que viria a batizar a filha de Quininho, em 1976, tornando-os compadres.

Fizeram então a primeira turnê junina com o trio de quatro pessoas, foi um sucesso. Já no segundo ano, Genário estava com o repertório na ponta da língua, mas o Trio continuava a buscar Quininho em Valente, para acompanhá-los durante as turnês juninas.

Dessa forma, a parceria que era para ser uma solução temporária, durou cerca de 10 anos, todos os anos o Trio saía de carro, do Rio de Janeiro rumo ao nordeste, passava pela cidade de Valente e seguia viagem junto com Quininho.

Lindú faleceu em 1982, deixando um álbum inacabado, o que forçou o produtor da gravadora Copacabana, Talmo Scaranari,  junto a Cobrinha e Coroné a decidirem como fariam para finalizar e lançar o disco. Uma das possibilidades aventadas pelo produtor foi a de que Quininho deveria colocar as vozes no disco, porém, Coroné e Cobrinha, com medo de alterar o formato do Trio, com um sanfoneiro cantor, optaram por colocar a voz de Genário, que se firmaria nos 10 anos seguintes à frente do Trio.

Nesse disco, “Amor pra dar”, lançado em 1983, Genário coloca voz em 9 faixas e nelas é obrigado a forçar a voz para atingir os agudos, pois as bases já estavam todas prontas e tinham sido gravadas no tom adequado para a voz de Lindú, que tinha uma elasticidade impressionante na voz. Já nos discos seguintes, Genário adequou as gravações ao seu tom de voz e logo no seu primeiro  disco à frente do Trio, em 1984, emplacou o sucesso “Neném Mulher”, que rapidamente conquistou todo o Brasil.

Genário saiu do Trio em 1992 e retornou para sua carreira solo. Ai então, Coroné e Cobrinha, buscaram substitutos e o trio excursionou de 1992 até 1995 com o sanfoneiro o Biu (Benedito Dias de Lima), natural da cidade de Rio Largo – AL, que tocava anteriormente no trio Gaviões do Nordeste.

Com o falecimento de Cobrinha em 1994, Coroné, aceita a sugestão de sua comadre Mariazinha, convida Luiz Mário para assumir o triângulo e o vocal do Trio. Luiz Mário da Conceição Barbosa, filho de Lindú, nascido em Salvador – BA, e que, com um ano de idade foi para o Rio de Janeiro.

Durante o São João de 1996, excursionaram com o sanfoneiro Bacural (Severino Sérgio), nascido em Alagoa Grande – PB, que participara anteriormente dos trios: Trio Luar do Sertão, Os Filhos do Norte e Os Filhos do Nordeste.

Após a saída de Bacural, no final de 1996, Beto Sousa (Alberto da Silva Sousa), nascido no Rio de Janeiro, filho de Antônio Ceará, compositor e compadre de Lindú, assume a sanfona do Trio.

Beto cresceu dentro do ambiente musical e começou a tocar sanfona ainda criança, tendo recebido influências artísticas dos maiores músicos da época, incluindo o Rei do Baião, Luiz Gonzaga. Anteriormente ao convite que o firmaria no Trio Nordestino, ele tocava em um trio chamado Os Filhos do Ceará, formado por Luiz Mário e os irmãos Beto e Robson Sousa.

Com essa formação: Luiz Mário, Beto Sousa e Coroné, voltam a gravar e em 1997 o seu primeiro álbum em formato CD, intitulado “Xodó do Brasil”, recolocando o Trio na produção fonográfica regular.

Em 2005 o Trio sofre mais uma baixa com o falecimento de Coroné, que em seu último show, após tocar um pouco no início da apresentação, para a surpresa de todos os presentes, pediu uma pausa e convidou para tocar zabumba o seu neto que viria a substitui-lo nos anos seguintes.

Coroneto (Carlos Alberto dos Santos Santana), nascido no Rio de Janeiro, atendeu ao pedido do avô, assumiu a zabumba do Trio e acumulou funções, pois passou também a organizar a agenda e a venda de shows.

Dessa forma, permaneceu no Trio como músico até 2017, quando convidou Jonas Santana, baiano de Entre Rios, músico percussionista que já participara de shows e gravações do Trio nos anos anteriores, para assumir a zabumba nos shows e passou apenas a empresariar o Trio.

Depois da expectativa gerada por algumas indicações a prêmios nos anos anteriores, finalmente o reconhecimento veio no ano em que o Trio completou 60 anos de carreira. Merecidamente, o Trio recebe o “Prêmio da Música Brasileira 2018” com o disco “Trio Nordestino canta o Nordeste”, gravado em 2017.

Claro que isso é apenas um resumo da história até agora, pois pra contar tudo precisaríamos escrever um grande livro. E o melhor de tudo é que a história continua sendo escrita e vivida, já que o Trio continua firme e forte, tocando, produzindo fonograficamente e excursionando por todo o Brasil e exterior.

Pra encerrar, divido uma lembrança feliz de certa vez que fui ao Rio de Janeiro tocar em um forró, no início dos anos 2000, e encontrei o Coroné, que estava chegando pra passar o som. Ele desceu do seu carro, um Opala Diplomata, e anunciou, com grande alegria, que acabava de conseguir se aposentar como músico, mostrando com orgulho sua carteira de trabalho. Na época não entendi por que tanta alegria, mas depois percebi o quanto ele, assim como todos os músicos, devia ter sofrido com o preconceito pela carreira de músico profissional.

Frequentemente me lembro dele, em especial num trecho de uma música que sempre que ouço, me vem a mente os meus tempos de menino quando dançava a noite inteira nos shows ao som do Trio, e reparava sempre no fantástico coral que Coroné fazia, sua voz rouca ainda ecoa forte em meu coração.

“Chap Chap Chap, chinela no chão,
Chap Chap Chap, bote a lenha na fogueira,
Chap Chap Chap, requebrando no salão,
Chap Chap Chap e é forró a noite inteira”

Música: Chap Chap (José Batista Filho / Raimundo Andrelina)

(Texto de Ivan Dias – Dezembro 2018)

Fontes:

Pesquisa baseada na discografia do Trio Nordestino, disponível em www.forroemvinil.com

Entrevistas com Beto Sousa, Luiz Mário, Jonas Santana, Quininho de Valente, Maestro Marcos Farias, Lisete Veras e Gennaro.

Agradecimentos especiais pelo apoio, incentivo e informações extra, para Enrique Matos, Dewis Caldas, DJ Xeleléu, Gavião, Macambira, Missinho, Tiziu do Araripe e Bruno Canazza.

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Severino Januário – Arrasta pé baiano

Frente

Colaboração do Lourenço Molla, de João Pessoa – PB

Selo ASelo B

Participação de João Silva cantando em quatro faixas.

Verso

A maioria das faixas é instrumental, passeando pelos vários ritmos que compõe o forró.

Severino Januário – Arrasta pé baiano
1970 – Japoti

01. Forró em Aliança (R. Stanganelli)
02. Xaxado na fazenda (Severino Januário)
03. Arrasta pé do Azulão (Severino Januário)
04. Forró dos macumbeiros (Severino Januário)
05. Ai morena, moreninha (Arr. João Silva – Severino Januário)
06. Forró da ingratidão (R. Stanganelli – João Silva)
07. Arrasta pé baiano (R. Stanganelli)
08. Xotes rodado (Severino Januário)
09. Nordestão (R. Stanganelli)
10. Madame porão (R. Stanganelli)
11. Pra dançar forró tem hora (R. Stanganelli – João Silva)
12. Xotes balanceado (R. Stanganelli)

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Germano Mathias – A gafieira paulista

capa

Mais um belo disco do Germano Mathias, esse do final da década de 1970.

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Diferentes andamentos e temáticas das letras, com muito balanço, demonstrando a versatilidade do samba paulista.

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Interessante também, poder comparar um disco do Germano, assim como o da postagem anterior, com esse, colocando lado a lado os trabalhos da década de 1950 e 1970.

Germano Mathias – A gafieira paulista
1979 – Itamaraty

01 Sacudi a poeira (Ítalo Nascimento)
02 No meu tamborim você não toca mais (Jorge Costa)
03 Manias líricas (Talismã – Edmundo Andrade)
04 Vista qualquer roupa (Tião Motorista)
05 Cadê a mulata (Gilson de Souza)
06 Por motivo de força maior (Jorge Costa – Bráulio de Castro)
07 O meu chapéu (Geraldo Nunes)
08 Cheiro de falência (Edson – Aloisio)
09 Moleque tumba (Henrique de Almeida)
10 Rei Tin Tin (Mathuzalem)

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Germano Mathias – Em continência ao samba

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Sou fã do Germano Mathias há um bom tempo. Ai depois que descobri que ele havia gravado um excelente CD de Forró, ai que passei a admira-lo mais ainda.

seloaselob

Dessa forma, digitalizei outros dois discos que tinha dele aqui em casa, do início da carreira.

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interessante postar esses sambas da década de 1950, pra gente ouvir e perceber como o forró e o samba estavam mais próximos naquela época.

Germano Mathias – Em continência ao samba
1958 – RGE

01 Guarde A Sandália Dela (Germano Mathias/Sereno)
02 Tem Que Ter Mulata (Túlio Piva)
03 Lata de Graxa (Mário Vieira/Geraldo Blota)
04 Braço a Torcer (Alceu Menezes/Antônio Lopes)
05 Chavecada na Pavuna (Gariba/Basílio Alves)
06 Derrocada no Salgueiro (Germano Mathias/Jorge da Silva)
07 Audiência ao Prefeito (Tobis/Orlando Líbero)
08 Figurão (Germano Mathias/Doca)
09 Maria Antonieta (Sereno/Germano Mathias)
10 Feitiço Fracassado (Germano Mathias/Wilvio Sá)
11 Pedra Dura (Antônio Lopes/Benedito Augusto)
12 O Mandamento do Amor (Elzo Augusto)

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