Cap08.04 – Baião – Livro – O que é o Forró? (2022)

Baião é a abreviação da palavra “baiano”, gentílico de quem nasce na Bahia, importante estado nordestino, berço da identidade cultural da nação.

O Baião tem sua origem no Lundu, ritmo e dança que se espalharam, em meados do século 18, a partir do recôncavo baiano, subindo o Rio São Francisco, por todo interior nordestino. Dessa forma, o Lundu, por ser um ritmo vindo do litoral, era chamado de Baiano. Com uma simples corruptela chegou-se ao nome Baião.

Triângulo Baião: (toque comum para a maioria dos ritmos)

Ritmicamente, a célula básica do Lundu foi simplificada durante o processo de adaptação da sonoridade dos 3 tambores rituais africanos para apenas um instrumento, passando primeiramente para o Melê e em seguida para o Zabumba. Durante séculos foi lapidada e evoluiu até chegar hoje ao que conhecemos como ritmo Baião.

Gilberto Gil, regravou em 2001, no álbum “Viva São João”, ao vivo, a música “De onde vem o Baião”. O interessante é que o acompanhamento instrumental, ritmicamente, lembra mais os Lundus antigos do que os clássicos Baiões de Gonzaga. O que nos leva a crer que nesse arranjo Gil estava querendo nos mostrar exatamente de onde vem o Baião.

Luiz Gonzaga é considerado o criador do ritmo Baião, por ter formatado, urbanizado, sido o primeiro a gravar o ritmo e o seu principal difusor. Até então, não era considerado um gênero musical. Entretanto, era uma expressão que já existia e vinha evoluindo há algumas gerações antes dele nascer.

O Baião foi um dos nossos primeiros produtos de mídia. O Lundu-canção já existia e havia caído em desuso, de forma que esse “novo” nome foi usado para repaginar, lapidar e vender o produto, assim inventando uma moda nacional.

Após muitas experiências com diferentes instrumentos para acompanhar o acordeon, “Seu Lua” trouxe da sua memória afetiva de criança a base dos Ternos de Zabumba, as Bandinhas de Pífano de sua infância, sua musicalidade e sua mobilidade.
Ele observou o equilíbrio sonoro da formação musical da Chula Portuguesa e depois de algumas experiências com diferentes instrumentos percussivos, concluiu que a formação mínima para se tocar Forró é “Sanfona, Zabumba e Triângulo” – o famoso “Trio de Forró”.

Zabumba Baião:

Já no final dos anos de 1940 e durante a década de 1950, o Baião foi exportado para o mundo, em filmes brasileiros e estrangeiros. Foi registrado em inúmeras gravações de bandas e orquestras de todos os continentes, influenciando gerações. Na década seguinte, o Baião perdeu espaço para a Bossa Nova e o Rock-and-roll, ficando restrito aos bailes e ambientes das festas e casas de Forró.

Parte do livro: O que é o Forró? Um pequeno apanhado da história do Forró./ Ivan Dias e Sandrinho Dupan. 2022 ISBN978-65-997133-0-9
Projeto contemplado pela 2a Edição do Fomento ao Forró, da “Secretaria Municipal de Cultura” da cidade de São Paulo.

Baixe gratuitamente o livro completo em PDF: Clique Aqui.

Se estiver com dificuldade para baixar e descompactar os arquivos, tire suas dúvidas em nosso manual “passo a passo”, clique aqui.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *