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CD – Xico Bizerra – Forroboxote 07

Colaboração do Xico Bizerra

APRESENTAÇÃO:

XICÂNTICOS DE ALEGRIA

Ricardo Anísio

Lúdico, puro, terno, perene. Ledo encanto. Arte de fazer a emoção saltitar. Chapeuzinho Vermelho e os Sete Anões brincando de roda ao som das canções do Tio Xico, o mimetismo do camaleão que bebe a chuva. Os Irmãos Grimm e Monteiro Lobato osculando a aridez das sertanias. Xicobizerrando a passarada ouve-se o gorjear dos guris como se fossem árias da imaginação, asas dos autos compadecidos da nossa adultidade.

Xicânticos. Lá vem a boneca Emília chiqueirar o lobo-bobo. Lá vão nossas asas no túnel do tempo. Sejamos meninos, meninas, rosas, pássaros, córregos, reis e rainhas. Algodãodocicando cada nota. Eita-pau! Açúcar fura os dentes. Escovemo-nos da maleita. Façamos a colheita. Colhamos sonhos e bebamos os pingos de mel que caem deste CD. Cuidado. O que era doce nunca acabou-se. Eis aqui.

Lá vem o pirata de perna de pau, querendo casar com a Branca de Neve. O sapo não lava o pé porque não quer. Xicantigas. Loas, canção de ninar, miar, pio e pião. Quem chegar por último é o filho da roseira. O peixe vivo quer água morna no inverno. Ciranda, cirandinha. Atira o queijo no rato, e o pau no chato e na galocha.

Aqui neste disco tudo pode, tudo se deve, tudo de bom. Reaprender a cantar, brincar, ser gente. Esquecer as queixas, os cachos, os chiques. Elucide-se a trama do Tio Xico, que quer nos levar à Terra do Nunca. Pois então, vamos. Peter Pan não envelhece. Vamos ninar o coração dos que são estrelas nos céus de chumbo. Soldadinhos, barco de papel, carro de lata. Tudo vale quando a alma é alva. Xico Bizerra nos concede tudo. E tudo não precisa de muito. Basta-nos alegria, inocência e amor.

Menino Maluquinho, Mônica, Cascão, Ziraldo, Maurício de Sousa e Xico Bizerra…Lá vamos todos na bArca de Noé. Apertem os cintos: Plunct, Plact, Zum! Vamos a lugar algum. Vamos neste CDiscovoador que nos levará à Alegrilândia.

Bemvindos à Terra do Sempre!

Ricardo Anísio é Poeta, Jornalista e Escritor, autor dos Livros MPB a A a Z e Canção do Fogo, dentre outros
Setembro de 2007

INFÂNCIA LEVADA A SÉRIO

Não tem sido fácil para o povo brasileiro, fruto da confluência de matrizes étnicas tão díspares, constituir o próprio rosto, assumir uma identidade coletiva, se ver como uma gente única, consciente e orgulhosa de si.

Como juntar os múltiplos pedaços de que somos feitos? Como lutar contra as forças políticas e econômicas que nos massificam e que necessitam de homens mutilados, sem imaginação, sem criatividade e sem vida? Como fazer frente à indústria cultural que se apossa dos meios de comunicação para nos fazer engolir o produto mal acabado que nos descaracteriza? Qualquer um de nós, com um pingo de bom senso e de conhecimento, sabe como é urgente encontrar as respostas que nos devolverão a nós mesmos.

É nessa luta dramática e comovente que se engaja o meu amigo XICO BIZERRA. Faz tempo que ele mostra a cara do seu povo na música que faz. Agora, se lança a um desafio maior: produzir artisticamente para crianças. E só quem leva a infância a sério sabe das armadilhas que esperam quem se entrega a essa aventura. Muitos, seduzidos pela tarefa de ‘ensinar’, adotam um tom moralizador e professoral. As crianças bocejam enfastiadas. Outros forçam uma linguagem adocicada, diminutiva e de falsa simplicidade. As crianças torcem o nariz.

Os que trazem a chave certa sabem que o segredo é entrar no pensamento mágico com sua lógica toda própria, falando uma linguagem lúdica, desarticuladora das estruturas imobilizantes que se cristalizam no tempo. É através do sensível, do emotivo, da intuição que a criança chega ao autoconhecimento e ao mundo cultural em sua sociedade. É por aí que um povo se faz: na consciência de mundo que se assimila na infância. E esse mundo que XICO BIZERRA nos entrega é cheio de promessas de um futuro mais bonito.

Esse XICO BIZERRA, homem/menino/semente que se plenifica completamente como homem porque sabe brincar, reuniu o grupo para acompanhá-lo: as vozes brincantes de Cristiane Quintas, Nena Queiroga e Geraldo Maia, um coro de vozes infantis e instrumentistas que conhecem profundamente o chão da música nordestina. E o que nos entrega é essa riqueza de imagens poéticas, jogos verbais e rítmicos, aliterações, assonâncias, rimas, trocadilhos, personificações … tudo movido ao som de xotes, baiões, xaxados, sambas de latada … tudo muito nosso para que os pequenos aprendizes de cultura e continuadores da vida tenham orgulhos do que são e se façam, por sua vez, sementes de um país melhor.

Haidée Camelo, Professora de História da Cultura Brasileira e de Literatura Infantil da Universidade Católica de Pernambuco
Setembro de 2007

CANTIGAS DE RODA E DO SERTÃO PARA DESAVERMELHAR PEQUENOS CHAPÉUS E EXORCIZAR A MALDADE DOS LOBOS

Este trabalho tem a pretensão de utilizar a literatura infantil como ferramenta de educação e cultura, tratando a criança com inteligência e rspeito. Um dos intuitos é nela despertar o sonho de poder sonhar, de provocar uma viagem pelo universo lúdico da imaginação, mediante utilização dos poemas musicados e das próprias músicas. Todas as músicas tratam de temas ligados à natureza e ao dia-a-dia das crianças nordestinas, brasileiras.

As cantigas de roda tradicionais – todas as músicas têm como tema de abertura uma delas, são brincadeiras infantis, onde as crianças se dão as mãos, em roda, para cantá-las. As melodias dessas canções são tão marcantes que, ao ouvi-las, regressamos ao tempo bom da infância. Têm elas, também, o poder de envolver de maneira coletiva várias brincadeiras e danças. Contribuem, dessa forma, para a socialização e desinibição da criança, ao estimular o olhar frente a frente, o toque corporal, a exposição consentida. Desenvolvem, por outro lado, o senso de organização coletiva através da roda e do senso rítmico oferecido pela música e pelo movimento corporal que ela cria.

Se, de alguma forma, estivermos contribuindo para a valorização de nossa cultura regional e o engrandecimento pessoal de alunos, pais e mestres que se utilizarem de nosso trabalho como instrumento abrasileirado de educação, de aprimoramento cultural e de socialização, daremos a tarefa como bem cumprida.

Xico Bizerra, entre um pingo de chuva e um brilho de estrela, vendo a lua clarear o mar de Candeias, numa noite de Setembro de 2007.

Textos retirados do sítio oficial de Xico Bizerra, para mais informações, acesse: http://www.forroboxote.com.br

Xico Bizerra – Forroboxote 07
2007

01. Bicho (Xico Bizerra – Roberto Cruz) Geraldo Maia e Cristiane Quintas
02. Lua (Xico Bizerra – Roberto Cruz) Cristiane Quintas
03. Água (Xico Bizerra – Roberto Cruz) Nena Queiroga e Cristiane Quintas
04. Casa (Xico Bizerra – Roberto Cruz) Cristiane Quintas
05. Chuva (Xico Bizerra – Roberto Cruz) Cristiane Quintas
06. Terra (Xico Bizerra – Roberto Cruz) Cristiane Quintas
07. Flor (Xico Bizerra – Roberto Cruz) Lívia Cavalcanti e Cristiane Quintas
08. Vento (Xico Bizerra – Roberto Cruz) Cristiane Quintas
09. Sol (Xico Bizerra – Roberto Cruz) Cristiane Quintas
10. Semente (Xico Bizerra – Roberto Cruz) Cristiane Quintas e Nena Queiroga
11. Estrela (Xico Bizerra – Roberto Cruz) Cristiane Quintas
12. Passarinho (Xico Bizerra – Roberto Cruz) Cristiane Quintas

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