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CD – Coletânea – Salve 100 anos Gonzagão

Colaboração do Tiziu do Araripe

Uma reunião de artistas pra homenagear o Gonzagão.

Nessa coletânea participam: Dominguinhos, Téo Azevedo, Genival Lacerda e João Lacerda, Mano Véio e Mana Véia, Caju e Castanha, Tiziu do Araripe, Jackson Antunes, José Fábio, José Carlos, Luiz Wilson e Fatel, Os Nonatos e Assis Ângelo.

Coletânea – Salve 100 anos Gonzagão
2012 – W.disc

01 Padroeira da visão (Luiz Gonzaga – Téo Azevedo)
02 Requiem a Gonzagão (Téo Azevedo)
03 Oxente, cabra da peste (Téo Azevedo – Genival Lacerda)
04 Causos gonzagueanos (Mano Véio – Mana Véia)
05 O sonho de Téo Azevedo com Gonzagão no Parque Asa Branca (Téo Azevedo – Caju – Castanha)
06 O buraco (Téo Azevedo – Jairo Ribeiro)
07 O Brasil nunca mais terá um trio, como Senna, Pelé e Gonzagão (Os Nonatos)
08 Maria cangaceira (Téo Azevedo)
09 Saudade do corneteiro (Téo Azevedo)
10 Forrozeiro (Téo Azevedo)
11 Abecedario catrumano (Téo Azevedo – Braúna)
12 Voando na Asa Branca (Téo Azevedo)
13 Casa do Bras (Téo Azevedo)
14 Puxe o fole sanfoneiro, Dominguinhos tocador (Téo Azevedo)
15 Poema – Um baiãozinho para o rei do Baião (Assis Ângelo)
16 Quanto mais mexe mió (Téo Azevedo – João Evengelista)
17 Romario eterna (Téo Azevedo – Maurilio Arruda)

Para baixar esse disco, clique aqui.

Se estiver com dificuldade para baixar e descompactar os arquivos, tire suas dúvidas em nosso manual “passo a passo”, clique aqui.

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Livro – Eu vou contar pra vocês

Livro: Eu vou contar pra vocês
por: Assis Ângelo
Editora: Ícone

Livro – Dicionário gonzagueano, de A a Z

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Resgatei esse livro, que é do Madruga e estava lá na casa do Tick. É o Dicionário gonzagueano, de A a Z; de Assis Ângelo, Editora parma, 2006.

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Um livro que reúne a discografia, bibliografia, filmografia e músicas inéditas de Gonzagão, de uma forma bastante dinâmica e fácil de ler. Muitas informações sobre a carreira do rei do baião, seus parceiros, amigos, seguidores e intépretes, além de depoimentos de Dominguinhos, Sivuca, Hermeto Pascoal, Oswaldinho do Acordeon, Jorge Paulo, Anastácia e Carmélia Alves.

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Muitas fotos interessantes e passagens por vários momentos e personagens que participaram da vida do Gonzagão. De acordo com o “Dicionário Gonzagueano”, o Rei do Baião gravou originalmente 625 músicas em 125 discos de 78 rpm, 41 compactos simples e duplos de 33 e 45 rpm, de 12 polegadas. Gonzaga deixou o registro da sua voz em 266 discos.

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Acima Chiquinho do acordeon, Januário, Mario Zan, Gerson Filho, Luiz Gonzaga, Sivuca, Anastácia, Dominguinhos e Pedro Sertanejo. Abaixo Assis Ângelo e Luiz Gonzaga, que eram amigos, num momento de descontração.

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Este livro é básico para qualquer forrozeiro que se preze. Só pra dar um gostinho de quero mais, abaixo uma foto do Gonzagão entre amigos.

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Texto – Massacre de uma cultura

Estava navegando pela rede e procurando curiosidades sobre o forró, seus artistas e fomentadores. Encontrei um sítio muito interessante “A nova democracia”, nele, em particular, achei dentre os vários textos, esse, bastante fundamentalista.

O texto fala sobre a vida e as convicções de Assis Ângelo, jornalista e estudioso da cultura popular brasileira, autor de diversos livros sobre música e arte, letrista de músicas, roteirista, narrador de cinema e radialista.

Segue o texto.

Massacre de uma cultura
Tão Brasil é mais um trabalho de Assis em defesa da cultura popular genuinamente brasileira: da literatura e da arte como expressão mais sincera do povo — algo que ele já vem promovendo há muito tempo. O programa, ao vivo, tem entrevistas com pessoas de expressão dentro do melhor da cultura nacional, muito bom humor e espontaneidade.

— Não sigo nenhum roteiro, é tudo feito na hora. Puro improviso. Além disso, como viajo bastante — agora mesmo estive no Piauí e no Maranhão fazendo palestras sobre cultura popular brasileira —, por onde passo, registro em vídeo algo como manifestações populares, e reservo um espaço de dois ou três minutos para exibir o que gravei — conta Assis.

— A partir da cultura popular eu mostro o Brasil, porque é a partir dela, através do povo, que um país revela a sua identidade. Somos um povo fantástico e damos a nossa identidade, o nosso perfil, para constituir a nação. É um programa diferente dos que estamos acostumados a ver na televisão brasileira, hoje. Por lá não passa nenhum Chitãozinho e Xororó, a não ser que eles queiram tocar moda de viola sem os vibratos de cabra que a dupla tem — não só essa, mas todas as duplas de ‘sertanojo’ — assim eu aceito.

E vibra outro golpe:

— Inclusive a dupla Chitãozinho e Xororó, começou a carreira cantando músicas maravilhosas. De repente, mudou para sertanojos. Digo sertanojo para não ofender nenhum sertanejo como: Tonico e Tinoco, Capitão Furtado, Cornélio Pires, Serrinha, Tião Carreiro e Pardinho, Rolando Boldrin, Luiz Gonzaga, e muitos outros autênticos sertanejos — explica Assis, que estreou Tão Brasil com o grupo Os Demônios da Garoa.

Sembre muito bem humorado, Assis diz que “vibrato de cabra” é o nome dado por maestros, arranjadores e músicos eruditos ao momento em que um cantor, não tendo mais voz, continua a cantar, produzindo um som que chega a ‘ferir’os ouvidos mais sensíveis. — Para conhecer os vibratos de cabra, basta ouvir Chitãozinho e Xororó, Zezé de Camargo e Luciano, e outras imundícies iguais que têm por aí. Quando falo imundície, não estou me referindo às pessoas, mas ao trabalho que elas fazem — diz Assis.

Francisco de Assis Ângelo nasceu em João Pessoa, PB, em setembro de 1952. Cursou artes plásticas na Universidade da Paraíba e música com grandes mestres paraibanos, mas preferiu dedicar-se ao jornalismo como profissão, reunindo todo o seu conhecimento musical e das artes plástica para desenvolver um jornalismo que mostra o que chama de Brasil real e não ilusório, o Brasil que não tem espaço nos meios de comunicações eletrônicos, preocupado somente com os mais estranhos modismos, e que não retratam nosso país e nosso povo. O Brasil verdadeiro como arte é o das manifestações populares, dos ritmos regionais, da música de qualidade, dos cordelistas e repentistas, dos poetas do povo, o Brasil literário, o Brasil que vem do trabalho, enfim, aquilo que é manifestação verdadeiramente popular.

Assis, irremediavelmente nordestino, orgulhosamente brasileiro — e vice-versa — começou sua carreira trabalhando em jornais e rádios, em João Pessoa, onde foi repórter e locutor noticiarista. Depois, foi editar um jornal da rede Chateaubriand, em Caruaru, PE. Não pretendia sair do Nordeste para trabalhar em jornais do Rio/São Paulo, mas, em 1976, ficou gravemente doente e teve que cuidar da saúde em São Paulo. Acabou ficando. Conseguiu um emprego no jornal Folha de São Paulo, como repórter policial, onde trabalhou por oito anos. Já consolidado na profissão, partiu para os programas de rádio, sempre com a mesma perspectiva de valorizar a cultura popular.

— Minha intenção é mostrar o Brasil para os brasileiros. Por onde passo sempre procuro imprimir a nossa digital brasileira. Consegui ligar música, artes plásticas e jornalismo, e poder trabalhar com isso. Acredito que noventa por cento dos músicos e dos artistas em geral, no Brasil, já estiveram em algum dos meus programas. Só na Rádio Capital foram cerca de quatro mil. Músicos como Rolando Boldrin, Inezita Barroso, Dorival Caymi, Fagner, Luiz Vieira, Carmélia Alves, Oswaldinho, Dominguinhos, Chico César, Renato Teixeira, assim como cordelistas e repentistas, cineastas, jornalistas, dramaturgos, poetas, romancistas — continua. Entre outras, Assis já passou pelas rádios paulistas: Jovem Pan, Atual, Mulher e Capital, em algumas mantendo uma alta audiência e em outras, como na Capital, com o São Paulo Capital Nordeste, liderando absolutamente o horário.

— Pela audiência que sempre tive, pode-se notar que o povo gosta do que é bom, desde que tenha essa opção. Quer dizer, é mentira essa conversa de que o brasileiro gosta mesmo é de pagode, funk, ou sertanojo. O que falta é divulgação da verdadeira música popular para que o povo posa fazer escolhas.

MASSACRE DE UMA CULTURA

Segundo Assis, o brasileiro hoje não tem opção literária, musical, ou de qualquer outro tipo. Ele vê passar na televisão, ouve no rádio, lê nos jornais, e absorve tudo como a única coisa disponível, possível de alcançar.

— Lembremos de Joseph Goebbels, ministro da propaganda, de Hitler: esse nazista “orientava” para o fato de que uma mentira, tantas vezes repetida, torna-se verdade. E isso ilustra o que acontece no Brasil hoje, quer dizer, uma coisa desprezível, de tantas vezes repetida, torna-se um produto aceitável. E é aceitável porque não dão oportunidade ao povo de conhecer algo melhor — declara Assis.

— Afirmo que mente quem diz que o povo não gosta da música brasileira. O problema é que não toca música brasileira para o ouvinte brasileiro, para o teles-pectador. Para o leitor dos jornais, das revistas, da mesma maneira, não divulga na sua forma impressa, a verdadeira cultura popular, o melhor das massas brasileiras. Então, não se pode admirar aquilo que não se conhece. Atualmente, o que vale é a cultura de massa, que chamam de popular, mas não tem nada de popular. É a massificação de algo, que de tanto ser repetido, e censurado o verdadeiro, fica o enganoso na cabeça das pessoas. Com isso, pessoas estão fazendo canções que na verdade não são brasileiras, mas ritmos estrangeiros disfarçados. Nestas, dizem besteiras que não tem nada a ver conosco, e espalham alienação absoluta entre o povo, que diz respeito aos seus valores culturais e a si próprio — afirma Assis.

— O USA manda o lixo do lixo para cá, para as gravadoras onde ele tem passe livre, de graça. Manda o que não presta, porque enquanto mais deixarem o povo doido, melhor é para eles, já que povo alienado não pode fazer escolha e compra qualquer mercadoria.

Absolutamente crítico, Assis defende que as músicas feitas atualmente, dentro de modismos descartáveis, são, pura barulheira de péssimo nível.

— Isso nada tem a ver com trabalho experimental: é barulheira em permanente repetição, que fere os ouvidos e aliena as pessoas. Experimentalismo é algo fantástico, que músicos como Tom Zé e Hermeto Pascoal fazem muito bem. Por isso, não vamos confundir Tom Zé, Hermeto e outros grandes artistas da música brasileira, que fazem experimentalismo, com essas besteiras que estamos acostumados a ouvir à exaustão nas corporações eletrônicas, que são os funk, pagodes, sertanojos, entre outros — despacha Assis Ângelo.

Para ele, a execução desse tipo de música, que chama de barulheira, nas rádios é puramente uma intenção “comercial”, sem respeito algum pelo povo. Faz parte de um acordo entre gravadoras, rádios e artistas. Quer dizer, o artista canta aquilo, a gravadora manda, as rádios compram e os executam. Esses artistas não têm pátria, são terríveis. Fazem essas imundices que chamam de música, que, na verdade, não passam de mercadorias de qualidade das mais desprezíveis.

— Eles fazem música para a gordinha, para a loira, a morena, o caminhoneiro, a vovó, a mãe, e tudo mais, de acordo com o que a ‘onda’ manda, e a ‘onda’ é única. Não têm a cultura, a narrativa, a psicologia e a arte dos grandes compositores brasileiros, que fazem música de um modo geral, inclusive retratando o cotidiano. O que esses alienados fazem é um produto ruim para ser consumido e alienar. E isso chamam de música, produtos que fazem mal à nossa saúde mental e orgânica, à nossa memória, aos nossos tímpanos, ao nosso humor.

Acrescenta Assis, descrevendo uma artimanha idêntica àquela usada nas eleições, com candidatos majoritários que não passam de embuste, para no final culparem o povo, dizendo que ele não sabe votar:

— É massificação, um negócio fascista. O monopólio das comunicações não dá uma chance para os artistas que fazem música cultural popular aparecerem e, por conseqüência, não permitem que as pessoas escolham entre o bom e o ruim. É o que existe de pior: matar um cidadão privando-o da sua cultura.

GOVERNO CONIVENTE

Enquanto isso, segundo Assis, o Ministério da Cultura completa o arrocho contra o povo. — Gilberto Gil é o que eu chamo de ‘ministro de si próprio’. Ele deveria estar representando a cultura brasileira, mas ao invés disso, prefere ocupar o espaço dele no mundo. Depois que se tornou ministro o seu cachê aumentou em muito, e hoje faz shows por 100, 150 mil reais. Além disso, usa o cargo para ter trânsito livre no mundo inteiro, viajando de um canto para outro, enquanto diz que não há verba no Ministério. Infelizmente é o Brasil do oportunismo — constata contrariado.

Em meio a toda essa adversidade, muitos brasileiros fazem músicas fantásticas e lutam para que a expressão genuinamente brasileira sobreviva.

— O que estamos vendo hoje na música brasileira, que aparece nas rádios e televisões, não é representativo. Não é o que o artista brasileiro está criando, porque este não aparece. Mas ele existe e está aí gravando — conta Assis.

E o próprio Assis é um desses que luta bravamente. O seu programa apesar de não ser na televisão propriamente dita, reforça a idéia de mudar a programação da televisão brasileira, repleta de intrigas sobre a vida de artistas e de receitas culinárias sofisticadíssimas para um povo, que em muitos casos, nem tem o que comer.

— O Brasil é um país com uma quantidade assustadora de pessoas arrastadas à miséria e um índice de analfabetismo imenso. Um quarto da população vive na pobreza total, “em baixo de ponte”, como se diz, sem ter o que comer, sem escola, nada. Enquanto isso, ligamos a televisão, e existe televisão até em baixo das pontes, exibindo uma receita conten do camarão ou ostra, ou o que mais for para a população brasileira. Isso é um desaforo. Além das mentiras e calúnias, de tanta coisa espúria e indecente — explica.

— Cheguei à conclusão que a televisão não é feita para servir ao povo, mas a um reino encantado no Brasil. Aqui existe uma televisão feita para ficção, e há muito tempo. É o Brasil real e o irreal, da sofisticação e da pobreza absoluta, e isso é o que vivemos. Por isso, gosto de mostrar o Brasil desconhecido para muitos brasileiros. E mesmo com tantos problemas, cada vez que eu conheço algo novo do Brasil, sinto mais orgulhoso em ser brasileiro — acrescenta. — Amo o Brasil e por isso, lamento o fato do Lula estar governando para meia dúzia de brasileiros ‘poderosos’ e principalmente para os norte-americanos, sendo marionete nas mãos deles. É um jogo de poderosos em que o povo é rechaçado. Mais lamentável ainda nesta situação é que um presidente sai, o outro entra e continua tudo igual, mudando somente o nome do partido. Fui um dos que ajudou a fundar o PT aqui em São Paulo e hoje não tenho mais partido. Uma vez perguntei ao poeta Carlos Drummond de Andrade sobre a sua preferência partidária e ele me respondeu: “Meu filho, homem de partido é partido” — finaliza.’

Para ver esse texto na íntegra, clique aqui.

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