post image

CD – Climério Moura – As sanfonas de Climério Moura

Colaboração do Carlos Alberto, de Morada Nova – CE


“Nascido nas Contendas, a 12 léguas de Morada Nova, em outubro de 1919, Climério se mudou, em 1928, com o pai Luiz Moura, a mãe Maria Gomes, e onze irmãos, para Horizonte, então distrito de Pacajus.

O pai tivera umas terras, que foram do avô, onde plantava, mas os negócios desandaram. Morreu quando ele tinha 12 anos, e deixou a família sob a guarda do menino, que teve pouco tempo para estudar, já que a responsabilidade o levava para o trabalho, no caso para a música.

‘Em tudo quanto era cirquinho vagabundo eu tocava, e nos forrós. Deu nos ouvidos, dava nos dedos’, faz o balanço hoje.

Casou em 1940, com dona Nair, e tiveram quatro filhos, nenhum sanfoneiro.

É grato ao maestro Coutinho, de Morada Nova, que o “abraçou” e, anos depois, chegou à conclusão de que Climério “tinha os dedos ligados nos ouvidos”.

Uma curiosidade é que improvisava na sanfona, como o pessoal do ‘jazz’, ou como os emboladores do coco, ele compara, ‘que estão dizendo, na hora, o que estão vendo, e tudo dá certo’.

Cantou até comprometer as cordas vocais, mas gostava mesmo dos solos, e tudo o que tocava era composto por ele. Guardava tudo na memória e, juntava fragmentos que resultavam em outras músicas, variações de um mesmo tema.

Outro fato digno de registro é sua capacidade de fabricar e afinar instrumentos. Como a sanfona de oito baixos oferecia poucas possibilidades improvisou, com o carpinteiro Joaquim Anastácio, uma de quarenta baixos, com armação de madeira, e botões de peças de rádio, que ainda hoje toca.

Também tocou sanfona “a piano” ( de 80 e 120 baixos) . E faz questão de tocar as duas, o que ficou explícito no disco que gravou para um selo paulista, em 1982.

Admira Luiz Gonzaga, mas “só gostei de tocar música minha”, diz categórico.

Aos oitenta e quatro anos, sem ter conseguido se aposentar, mora em uma casa no centro de Pacajus, em cuja varanda pontificam as pinturas primitivas de Chico Rita: paisagens do sertão, cenas de mar, e uma Iemanjá que encima o painel. Na garagem, uma sanfona desmontada, e um fuscão preto velho de guerra.

Reclama da vida, diz que há dez anos vive doente, queixa-se de “trabalho feito”, mas se transforma quando abre o fole da sanfona e executa suas composições. Difícil não se emocionar com a força que emana, com seu talento, com o som que os nostálgicos chamam de ‘pé-de-serra’.

Às vezes, toca com uns amigos, que se reúnem em sua casa, nos finais de semana, mas não faz festas. Ficam o eco e a memória de sua sanfona, neste mundo mágico do sertão.” (Fonte)

Climério Moura – As sanfonas de Climério Moura
2007

01 Chegando a Pacajús (Climério Moura)
02 Quinto centenário (Climério Moura)
03 Eu te amo meu bem (Climério Moura)
04 São Paulo – Rio (Climério Moura)
05 Andando a pé (Climério Moura)
06 Teimoso (Climério Moura)
07 Pisa no salão (Climério Moura)
08 Xoteando (Climério Moura)
09 Cachorro enganchado (Climério Moura)
10 Forró em Fortaleza (Climério Moura)

Para baixar esse disco, clique aqui.

Se estiver com dificuldade para baixar e descompactar os arquivos, tire suas dúvidas em nosso manual “passo a passo”, clique aqui.