Novinho da Paraíba – Forró fogoso

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Hoje estou aqui para postar, pela primeira vez, um disco do Novinho da Paraíba. Apesar de ser um músico não tão conhecido aqui pelo sudeste, Novinho tem diversos discos gravados, eu devo ter uns 04 e já vi mais uns 04 diferentes, que não tenho, mas não sei ao certo quantos trabalhos ele já realizou na sua carreira. (Capas do Maicon Fuzuê)

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“Novinho da Paraíba é fruto dos forrós de Monteiro e adjacências. Das festas nos terreiros, nos salões das humildes casas familiares, em dia de casamento, onde sempre foi indispensável a presença de um sanfoneiro e um cantandor para alegrar os convivas a espera de bodas. Com seu acordeon alegrou as noitadas de sua terra e alegrou a sua gente. Porém o seu canto e seu talento músical eram tão fortes, que logo foram sentidos e identificados em outros centros. Não demorou a mudar-se para o Recife, onde conquistou logo o povo da cidade grande, e como não poderia deixar de ser, das adjacências.”

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(foto retirada do site da casa Sala de Reboco)

Esse parágrafo acima foi escrito pelo crítico de arte Valdi Coutinho no texto de contra capa desse LP.

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Hoje em dia, Novinho da Paraíba continua na ativa alegrando as festas e o São João por todo o nordeste.

Novinho da Paraíba – Forró fogoso
Polydisc – 1986

01. Forró fogoso (J. Michellis)
02. Machucando o coração (Belo Xis – Jorge Silva)
03. Solidão no peito (Jorge Silva – Novinho da Paraíba – Edson Vieira)
04. Quero seu amor (Novinho da Paraíba – Evanildo Maia)
05. Beleza de Maria (Mário Telles – Novinho da Paraíba)
06. Saudade não mata ninguém (Alcymar Monteiro – André Araújo)
07. Tempero do amor (Jorge Silva – Joãozinho)
08. Doidinho de paixão (Novinho da Paraíba – Jorge Silva)
09. Coração maneiro (J. Michelles)
10. Na casa do seu Lino (Evanildo Maia – Novinho da Paraíba)

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Texto – A música dos valores perdidos

Recebemos do José Teles, jornalista e crítico musical do Jornal do Comércio do Recife – PE, um artigo que ele escreveu e publicou a pouco menos de um mês. O texto “A música dos valores perdidos” critica as ‘bandas’ de forró, que se auto denominam “Forró estilizado”, eita! Mais um nome pra denominar o mesmo tipo de música, se é que podemos chamar isso de música… (A foto acima não tem nada a ver com esse contexto, é só pra ilustrar. Foi extraída do site do Atelier Ana Beatriz Miniaturas)

“Tem rapariga aí? Se tem levante a mão!”. A maioria, as moças, levanta a mão.

Diante de uma platéia de milhares de pessoas, quase todas muito jovens, pelo menos um terço de adolescentes, o vocalista da banda que se diz de forró utiliza uma de suas palavras prediletas (dele só não, de todas bandas do gênero). As outras são “gaia”, “cabaré”, e bebida em geral, com ênfase na cachaça. Esta cena aconteceu no ano passado, numa das cidades de destaque do agreste (mas se repete em qualquer uma onde estas bandas se apresentam). Nos anos 70, e provavelmente ainda nos anos 80, o vocalista teria dificuldades em deixar a cidade.

O secretário de cultura Ariano Suassuna foi bastante criticado, numa aula-espetáculo, no ano passado, por ter malhando uma música da banda Calipso, que ele achava (deve continuar achando, claro) de mau gosto. Vai daí que mostraram a ele algumas letras das bandas de “forró”, e Ariano exclamou: “Eita que é pior do que eu pensava”. Do que ele, e muito mais gente jamais imaginou.

Pruma matéria que escrevi no São João passado baixei algumas músicas bem representativas destas bandas. Não vou nem citar letras, porque este jornal é visto por leitores virtuais de família. Mas me arrisco a dizer alguns títulos, vamos lá: Calcinha no chão (Caviar com Rapadura), Zé Priquito (Duquinha), Fiel à putaria (Felipão Forró Moral), Chefe do puteiro (Aviões do forró), Mulher roleira (Saia Rodada), Mulher roleira a resposta (Forró Real), Chico Rola (Bonde do Forró), Banho de língua (Solteirões do Forró), Vou dá-lhe de cano de ferro (Forró Chacal), Dinheiro na mão, calcinha no chão (Saia Rodada), Sou viciado em putaria (Ferro na Boneca), Abre as pernas e dê uma sentadinha (Gaviões do forró), Tapa na cara, puxão no cabelo (Swing do forró). Esta é uma pequeníssima lista do repertório das bandas.

Porém o culpado desta “desculhambação” não é culpa exatamente das bandas, ou dos empresários que as financiam, já que na grande parte delas, cantores, músicos e bailarinos são meros empregados do cara que investe no grupo. O buraco é mais embaixo. E aí faço um paralelo com o turbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia, quando o país estava esfacelando-se. Dilacerado por guerras étnicas, em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental. As estrelas da turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das bandas de “forró”, parafraseando Luiz Gonzaga, as blusas terminavam muito cedo, as saias e shortes começavam muito tarde. Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos alternativos de Belgrado. Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o regime Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e relevou o primitivismo estético,. Pior, o glamur, a facilidade estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia, que, por sua vez, dominava o governo.

A cantora Ceca foi uma espécie de Ivete Sangalo do turbo folk (ainda está na estada, porém com menor sucesso). Foram comprados 100 mil vídeos do seu casamento com Arkan, mafioso e líder de grupo para-militares na Croácia e Bósnia. Arkan foi assassinado em 2000. Ceca presa em 2003. Ela não foi a única envolvida com a polícia, depois da queda de Milosevic, muitos dos ídolos do turbo folk envolveram-se com a justa pelo envolvimento com a poderosa máfia de Belgrado.

A temática da turbo folk era sexo, nacionalismo e drogas. Lukas, o maior ídolo masculino do turbo folk pregava em sua música o uso da cocaína. Um dos seus maiores hits chama-se White (a cor do pó, se é que alguém ignora), e ele, segundo o Guardian, costumava afirmar: “Se cocaína é uma droga, pode me chamar de viciado”. Esteticamente, além da pouca roupa, a sanfona é o instrumento que se destaca tanto no turbo folk quanto no chamado forró eletrônico, instrumento decorativo, ali muito mais para lembrar das raízes da música tradicional. Ressaltando-se que não se tem notícia de ligação entre bandas de “forró” e crime organizado. No que elas são iguaizinhas é que proliferaram em meio a débâcle de valores estéticos, morais, e éticos, e despolitização da juventude. Com a volta da governabilidade nas repúblicas da antiga Iugoslávia, o turbo folk perdeu a força, vende ainda porém muito menos do que no passado, hoje é apenas uma música popular para se dançar, e não a trilha sonora de um regime condenado por, entre outras lástimas, genocídio.

Aqui o que se autodenomina “forró estilizado” continua de vento em popa. Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos do Nordeste. Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno lamentável, e merecedor de maior atenção. Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem “rapariga na platéia”, alguma coisa está fora de ordem. Quando canta uma canção (canção ?!!!) que tem como tema uma transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é “É vou dá-lhe de cano de ferro/e toma cano de ferro!”, alguma coisa está muito doente. Sem esquecer que uma juventude cuja cabeça é feita por tal tipo de música é a que vai tomar as rédeas do poder daqui a alguns poucos anos.

Luiz Gonzaga – De fiá pavi

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Embora esse disco marque a reaproximação de Luiz Gonzaga com o compositor João Silva, é justamente nele que o rei homenageia seu ex-parceiro, Humberto Teixeira, que havia falecido quase dez anos antes, em 1979. É na faixa “Doutor do baião” que Lua declara sua saudade e apreço pelo antigo e letrado parceiro, de inúmeras composições.

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Humberto Teixeira, durante sua carreira, teve mais de 400 composições de sua autoria que foram gravadas pelos grandes expoentes da época. Ele conheceu e começou a trabalhar junto com Luiz Gonzaga em 1945, ou seja foram pelo menos 34 anos de uma parceria de muito sucesso.

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Participação de Gonzaguinha na faixa “Mariana”, dele em parceria com seu pai, que pra quem não sabe, é uma música que foi feita para Mariana Aydar, que acabara de nascer. Produção de Oséas Lopes, arranjos e regências de Chiquinho do acordeon, que por sua vez também gravou sanfona juntamente com Dominguinhos. As músicas que se deestacaram mais nesse álbum foram “De fiá pavi”, “Nem se despediu de mim” e “Pobre do sanfoneiro”.

Luiz Gonzaga – De fiá pavi
1987 – RCA

#01. De fiá pavi (João Silva – Oseinha)
#02. Zé budega (Cecéu)
#03. Nem se despediu de mim (João Silva – Luiz Gonzaga)
#04. De olho no candeeiro (João Silva – Zé Mocó)
#05. Quero ver correr moleque (João Silva – Oseinha)
#06. Forró no interior (João Silva – Oseinha)
#07. Eu me enrabicho (João Silva – Pollyana)
#08. Doutor do baião (João Silva – Luiz Gonzaga)
#09. Forró do Zé Antão (Zé Dantas)
#10. Festa de Santo Antonio (Alcymar Monteiro – João Paulo Jr.)
#11. Mariana (Gonzaguinha – Gonzagão)
#12. Toca pai (João Silva – Luiz Gonzaga)
#13. Pobre sanfoneiro (João Silva – Luiz Gonzaga)

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