Texto – Jumentos processam bandas de forró por plágio

Moro ao lado do Terreiro do Forró. Todas as noites eu tapava os ouvidos com algodão para proteger meus tímpanos daquelas músicas horrorosas e repetitivas. Isso não impedia que eu escutasse o barulho, mas aliviava e muito os meus pobres ouvidos. O que me encabulava era o fato de que todas as bandas tocavam basicamente o mesmo repertório, rinchavam os mesmos rinchos, berravam os mesmos berros. Confira abaixo trechos das “criativas” letras de músicas que eu escutara infinitas vezes nesse São João:

“De bar em bar”,

De mesa em mesa,

Bebendo cachaça,

“Tomando cerveja”

“E, é bem gostosinho”.

Ela se deita e pede

“Pra alisar seu bichinho”

“Você não vale nada”.

Mas eu gosto de você

Tudo o que eu queria

“Era saber por que”


“Bebo pra carái”.

Bebo pra carái

“Bebo pra carái”


“Toma gostosa”.

Lapada na rachada

Você pede e eu te dou

“Lapada na rachada”


Escutei essas “pérolas” milhares, milhões, bilhões, trilhões, quatrilhões de vezes e via naquela multidão desenfreada apenas zumbis, semelhantes àqueles mortos-vivos dos filmes de George Romero. Até o meu cachorro passou mal. Meu poodle sofreu mais do que eu; mas eu também coloquei algodão nas orelhas dele e notei que ele aprovou. Teve umas duas ou três noites que eu não me incomodei nem um pouco, deu até pra assistir, ler e escrever. Aqui acolá aparecia um ou outro descerebrado que ligava o som do carro em um bilhão de decibéis e invadia nossa privacidade com aquelas músicas feitas para o intestino grosso. A vizinhança telefonava para a polícia, mas só dava tempo os homens da lei virarem às costas para que os descerebrados aumentassem o volume de novo.

Na noite do show de Zé Ramalho eu estive na festa. Subi no palco, conversei com os músicos e deixei o meu livro “E os vermes tinham razão…” para o artista com a seguinte dedicatória: “Não é carne de pescoço, mas também não é osso”. “Carne de Pescoço” é o título de um livro de Zé Ramalho, livro que eu já li e posso emprestar a quem se interessar.

Jumentos, bodes e cachorros deveriam procurar a justiça e processar essas bandas de forró por plágio. Todas elas rincham, berram, latem e o pior, não paga
m direitos autorais a nenhum desses animais.

(WANDECI MEDEIROS – Patos – PB)

Luiz Gonzaga – Forrobodó cigano

1989-luiz-gonzaga-forrobodo-cigano-capa-frente

Aproveitando a onda de alguns discos de grandes sanfoneiros, esse disco cai muito bem, ele nos foi enviado pelo DJ Felipe de BH.

Afinal como falar de grandes sanfoneiros e não falar de Luiz Gonzaga.

Nesse disco, lançado em 1989, encontramos só músicas instrumentais. Destaque para a quadrilha “Festa na roça” e o forró “Oi o freio”.

Luiz Gonzaga – Forrobodó cigano
1989 – Copacabana

01. Forrobodó cigano (Luiz Gonzaga)
02. Oi o freio (João Silva – Luiz Gonzaga)
03. Arrasta-frevo (João Silva – Luiz Gonzaga)
04. Depois da festa (João Silva – Luiz Gonzaga)
05. Xaxá mulher (João Silva – Luiz Gonzaga)
06. Do jeito que vocês gostam (João Silva – Luiz Gonzaga)
07. Ao Mestre Capiba (João Silva – Luiz Gonzaga)
08. Forró apracatado (João Silva – Luiz Gonzaga)
09. Festa na roça (Mario Zan – Palmeira)
10. Meus dezoito anos (João Silva – Luiz Gonzaga)
11. Tá ruço (João Silva – Luiz Gonzaga – Zé Mocó)
12. Manhã de junho (João Silva – Luiz Gonzaga)
13. Baile na roça (Tinoco – Nadir)

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