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CD – Zé do Pife – O educador musical

Colaboração do Silvio Silva

José João da Silva, 76 anos, mais conhecido como Zé do Pife, é quase uma lenda, nasceu na zona rural em Bezerros – PE e vive em Campina Grande – PB, desde 1975. Com seu jeito simples, alegre e espontâneo, ele carrega no peito o sonho de manter uma das mais originais expressões da cultura nordestina que é a bandas de pífano.

Agricultor em sua juventude, Zé inventou de confeccionar pífanos de canos e de lata para sustentar sua família. Tocou e vendeu pífano nas feiras de quase todos os municípios. Autodidata, o maestro dá aulas de pífanos e percussão a crianças, jovens e adultos do município. Amante da boa música, Zé acredita que pode ajudar muita gente através da sua arte.

Zé do Pife – O educador musical

01 – Sandália de couro (Zé do Pife)
02 – Duda em Passira (Zé do Pife)
03 – Forró da serra (Zé do Pife)
04 – Forró piado (Zé do Pife)
05 – Dobrado São Cristovão (D. P.)
06 – Polovora no choro (Zé do Pife)
07 – Virada (Zé do Pife)
08 – Mané Maurício (Zé do Pife)
09 – Besouro mangangá (Zé do Pife)
10 – Choro em Recife (Zé do Pife)

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CD – Pé de Mulambo – Segura Essa Munganga aí, Menino!

Colaboração do Pé de Mulambo

O grupo Pé de Mulambo foi criado em setembro de 2007 pelos músicos Filpo Ribeiro (São Paulo-SP), Guluga (Recife–PE) e Rone Gomes (Olinda–PE). Desde então atua em diversos eventos e casas noturnas na capital litoral e interior do estado. O disco de estréia “Segura essa Munganga aí, Menino!” conta com as participações de Junior Caboclo, Sebastião Biano e João Biano (Banda de Pífanos de Caruaru); Mestre Nico (Siba e Fuloresta, Junio Barreto, Beto Villares); Mazinho Lima (Mestre Ambrósio); Dani Zulu (Barbatuques), entre outros.

A sonoridade do grupo tem a Rabeca e a Viola Caipira como elementos-chave, seja tecendo melodias e solos ou dando apoio harmônico às vozes. A parte rítmica fica a cargo da marcação precisa do Triângulo e de uma Zabumba swingada, onde seus graves remetem ao peso e à presença de um contrabaixo. O resultado é um autêntico “Pé-de-Serra-Power-Trio”, com os músicos mostrando grande versatilidade no
palco e interação com o público.

O repertório apresenta adaptações de gêneros regionais nordestinos; influências de ritmos do sudeste como fandangos e folias; composições próprias e releituras de autores como Genival Lacerda, Assisão e João do Vale. (Release do grupo)

Pé de Mulambo – Segura Essa Munganga aí, Menino!
2011

01 – Vento Soprou (Filpo Ribeiro)
02 – Negócio bom é de dois (Filpo Ribeiro)
03 – Pescador (Rone Gomes – Filpo Ribeiro)
04 – Buliu, Buliu (Guluga)
05 – Bendito de São José (D.P.)
06 – Olha o Cuscuz! (Filpo Ribeiro)
07 – A História do Peixe Tuninha (Adapt. Genival Lacerda)
08 – Cartomante (Jonathan Silva – Filpo Ribeiro)
09 – Quebra Pedra (Filpo Ribeiro)
10 – Corre, Batuíra (Filpo Ribeiro)

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Programação da festa “Viva Gonzagão”

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*Recebemos do Jairo Melo a programação para a semana “Viva Gonzagão”, de Exú – PE.

Programação

Segunda-feira (07/12)
17h – Cortejo de Vaqueiros, aboiadeiros e pifeiros
Banda de Pífanos de Exu
Banda de Pífano Bom Jesus
Banda de Pífano Moraes
Banda de Pífanos de IpubíPedro Brigídio e Antônio Santana
19h – Palco Regional (Praça de Eventos Francisco de Miranda Parente)
Coral de Aboio de Serrita
Sotaque Nordestino
Chico de Nardim e Banda
Joci Batista
Os Três do Cariri

Terça-feira (08/12)
19h – Palco Regional (Praça de Eventos Francisco de Miranda Parente)
Dança de São Gonçalo do Distrito de Viração
Os Cabras do Sertão
Forró Pesado
Ana Paula
Banda de Pífanos de Caruaru
Orquestra Sanfônica dos Oito Baixos

Quarta-feira (09/12)
17h – Encontro de Bandas Filarmônicas (Praça Padre João Batista)
Banda Filarmônica Joseíla Alves Lopes
Banda Filarmônica Juventude Ipubiense
Banda Filarmônica Bodocoense
Banda Filarmônica João Lino Barbosa
19h – Desafio Nordestino de Poetas Cantadores (Praça de Eventos Francisco de Miranda Parente)
Repentistas: Antônio Lisboa e Edmilson Ferreira, Edvaldo Zuzu e Severino Dionísio, Gilberto Alves e Luciano Leonel, Valdir Teles e Raulino Silva, Daniel Olímpio e Chico Diassis, João Lourenço e Hipólito Moura, Ivanildo Vila Nova e Raimundo Caetano. Aboiadores: Antônio Barbosa e Zito Alves. Emboladores: Estrela da Poesia e Bentevi Pereira. Declamadores: Vassula Hermelinda, Iponax Vila Nova, Raudênio Lima

Quinta (10/12)
17h – Caminhada da Sanfona (Praça Padre João Batista)
Horta Sanfoneiro
Toizinho da Sanfona
Expedito Vieira
Luiz de Losinha
Bebé Camilo
Anísio Cazuza
Antonio do Boné
Nelson do Acordeom
Neguinho do Forró
Chico Felix
Bilica
19h – 100ª Aula-Espetáculo de Ariano Suassuna (Colégio Municipal Bárbara de Alencar)
20h30 – Palco Regional (Praça de Eventos Francisco de Miranda Parente)
Banda de São Gonçalo de Nascente
Grupo Panela do Forró
Banda Suor e Cia
Toinho do Baião
Lulika dos Palmares – O Tocador
Pessoa Nascimento

Sexta-feira (11/12)
20h30 – Pólo Pernambuco Nação Cultural (Parque Aza Branca)
Jaiminho de Exu
Epitácio Pessoa
Flávio Leandro
Targino Gondim
Família Gonzaga
Jorge de Altinho

Sábado (12/12)
20h30 – Pólo Pernambuco Nação Cultural (Parque Aza Branca)
Dijesus
Seguidores Do Rei
Karolinas com K
Dominguinhos
Waldonys
Flávio José

Domingo (13/12)
10h – Missa do Gonzagão (Parque Aza Branca)
Apresentações de Luizinho Calixto, Chá Cutuba e Mauro Sanfoneiro
20h30 – Pólo Pernambuco Nação Cultural (Parque Aza Branca)
Joãozinho de Exu
Bia Marinho e Em Canto e Poesia
Josildo Sá e Agostinho do Acordeom
Projeto Forró Pé de Serra e Ai (Nádia Maia, Petrúcio Amorim, Rogério Rangel, Israel Filho, Irah Caldeira, Maciel Melo e Fim de Feira)
Geraldo Azevedo
Joquinha Gonzaga

CD – Herbert Lucena – Na pisada desse coco

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Colaboração do Nilson Araújo, da Sala Nordestina de Música.

“Discípulo de Jacinto Silva e, por conseguinte Jackson do Pandeiro, Herbert Lucena é, além de tudo, um produtor cachorro da mulésta de bom. Produzir quem não está na mídia é muito difícil e tem que ser muito competente para se sobressair.

Produziu Tavares da Gaita, Zé Vicente da Paraíba (CD Esgotado) Azulão, Walmir
Silva , Mazuca de Agrestina e o grupo Fim de Feira. Esses dois últimos foram indicados
Para o prêmio de Música Brasileira e Fim de Feira foi o escolhido.

Dizer mais o que?

Que além de Na pisada desse coco , tem forró, ciranda, arrasta pé
E tudo de bom que você possa imaginar escutar”

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Sobre Herbert Lucena
“O fato é que Herbert queria mesmo era cantar coco. Repare: Ele juntou seus vinis, ouviu, pesquisou ritmos e fez a opção. Foi assim: desde menino Herbert ouvia e dançava coco, forró e ciranda, lá na Rua 3 de Maio, em Caruaru (que fazia sucesso no São João, onde só se tocava e dançava os ritmos autênticos).

Jacinto Silva, Jackson do Pandeiro e Azulão também foram decisivos na sua escolha. E assim ele abandonou de vez o rock por uma nova e inseparável paixão. Mas ainda tem outra explicação nessa descoberta de Herbert Lucena pelo coco, essa mais particular: por ele ser meio aperreado e só gostar de cantar ligeiro, ele viu no coco o que procurava, um ritmo apressadinho, de frases longas num compasso curto.

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O cantor sempre sentiu uma grande admiração pela parte rítmica das bandas de pífanos, esse sentimento levou Herbert a introduzir esta formação percussiva em seu trabalho, fazendo assim um casamento perfeito. A primeira música de Herbert como ‘coquista’ foi ‘Na pisada desse coco’, que deu nome a seu primeiro CD, lançado em junho de 2004.”

Herbert Lucena – Na pisada desse coco
2004

01-Na pisada desse coco – (Herbert Lucena)
02-A saudade que agente deixa – (Juarez Santiago)
03-Em tempo de se arrasar – (Tiago duarte/Manoel Alves)
04-Cheiro de fulô – (Herbert Lucena)
05-Ciranda Guerreira – (Herbert Lucena)
06-São joão no Cedro – (Manoel Alves)
07-Forró de Caruaru – (Herbert Lucena/Wellington Branco)
08-Me perguntaram, eu respondí – (Herbert Lucena/Xande Razec)
09-Samba na casa de Biu – (Herbert Lucena/Dja Vasconcelos/Demóstenes Felix)
10-Lá vou eu no arrasta pé – (Tiago Duarte)

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Bandinha de pífano – Zabumba Caruaru

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Colaboração do José de Sousa, de Guarabira – PB.

Esse é o primeiro disco da Banda de pífanos de Caruaru.

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“Criada pelo trabalhador rural e zabumbeiro Manoel Biano, em 1924, na região de Mata Grande (em Alagoas), a Banda de Pífanos nasceu para perpetuar a tradição da Zabumba Cabaçal, cultivada ao longo de décadas pela família Biano. Ao lado de Manoel estavam seus dois filhos: Benedito (pai de João) e Sebastião, hoje o único remanescente da formação original.

Assim, participava das festas da região, ao mesmo tempo em que repassava seus conhecimentos aos filhos, Sebastião e Benedito. Prosseguiram entre Alagoas e Pernambuco até chegarem, em 1939, à Capital do Forró e dos Pífanos: Caruaru.

Passados 16 anos, Manoel Biano, deixou a incumbência aos filhos, Sebastião e Benedito, de darem continuidade à tradição da banda que ia além, era de geração a geração. Eles então atenderam ao pedido e com seus filhos formaram a Banda de Pífanos de Caruaru, em 1955.

Em 1972, a banda viria a gravar o primeiro LP, ‘Banda de Pífano Zabumba Caruaru’. Foi então que rumaram para São Paulo, onde participaram de documentários, espetáculos e de discos de outros artistas.

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Em Julho de 2005, ganhou o Prêmio TIM de Música, na categoria regional.

A banda continua e ao longo dos tempos, viria a gravar mais seis discos e com eles ser reconhecida no cenário musical nacional e internacional…” (Trechos extraídos do Overmundo)

Bandinha de pífano – Zabumba Caruaru
1972 – CBS

01. Briga do cachorro com a onça (Sebastião Biano)
02. Cantigas de Lampião (Onildo Almeida)
03. O boi (Sebastião Biano)
04. Feira de Caruaru (Onildo Almeida)
05. Dobradinho (Sebastião Biano)
06. Bloco das flores (Onildo Almeida)
07. Esquenta mulher (Sebastião Biano)
08. Caruaru caruará (Sebastião Biano / Lidio Cavalcanti)
09. Segura o passo Zé (Sebastião Biano)
10. É tudo Caruaru (Janduhy Finizola)
11. Pipoquinha (Sebastião Biano)
12. Celina (Onildo Almeida)

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Análise do filme “Paraíba, meu amor”

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“Paraíba, meu amor” é um documentário de 80 minutos, produzido pelo diretor suíço Bernand Robert-Charrue para o público europeu. O filme alterna entrevistas e trechos musicais, e foi gravado nas festas do interior paraibano. Filmado quase todo na Paraíba, um dos pontos altos do filme é o encontro, de Dominguinhos e do acordeonista francês Richard Galliano. Participam também do filme o Aleijadinho de Pombal, o Trio Tamanduá, Pinto do Acordeon e Os 3 do Nordeste.

Recebemos o texto abaixo do Jonas Duarte, professor doutor do Departamento de História da UFPB, em João Pessoa – PB, texto escrito no ano passado. Não é apenas uma análise crítica do filme, é uma verdadeira aula de história do forró. Para os leigos uma boa oportunidade de se interar no assunto, já para os “aficcionados por forró”, seleto grupo em que nós nos incluimos, uma leitura flúida e prazerosa.

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Paraíba, meu amor. Para inglês ver.

Semana passada foi lançado, com bastante divulgação e pompa, o filme/documentário, de produção suíça, “Paraíba, meu amor”. O filme procura abordar o forró. A força musical do forró nordestino. Eu, como amante e metido a colecionador dessa música maravilhosa, fui exultante ver o filme. A seguir faço minha análise crítica do documentário.

Considero a intenção do cineasta suíço muito boa. A idéia de trazer o músico francês, Richard Galliano, para o eixo central do filme foi genial e deu ao documentário, uma qualidade musical de altíssimo nível. Ouvir seu acordeon dialogar com Dominguinhos, Pinto do Acordeom e Aleijadinho de Pombal, para quem aprecia o belo som do instrumento e a doce musicalidade do forró é impossível não se emocionar. Ficou lindo.

Mas o documentário peca em vários aspectos. O primeiro, a definição simplificada e até mesmo historicamente equivocada da origem do forró. Essa história que Forró vem da expressão inglesa For All (para todos), já está ultrapassada, e não resiste ao mínimo de pesquisa histórica sobre a nossa música. Muito antes dos ingleses chegarem para construir as estradas de ferro que levaram partes de nossas riquezas, e a centenas de quilômetros dessas linhas férreas e de qualquer gringo, já se tocava e se dançava um ritmo musical muito próximo do que chamamos hoje de forró.

Nas feiras livres, nos casamentos, nas festas religiosas, nos bailes populares do interior da Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará, distando quilômetros de onde estava um inglês com seus trens, se experimentavam os sons dos “pifeiros” com suas flautas de “tabicas” de madeira tirando um som repetitivo, binário. O ritmo dessas “bandas de pífanos” lembra perfeitamente as festas dos nossos indígenas; a percussão, o batuque africano. Sem nenhuma ligação ou influência européia.

No início, denominavam-se a esses encontros com esse tipo de música, de Baile, ou Samba. As pessoas iam pro Samba dançar. O primeiro instrumento “estrangeiro” na música foi o “Harmônico”. Assim, as pessoas batizaram os foles que apareceram trazidos da Europa, sem teclado e sem baixos. Muito parecido com o “Bandoneón” argentino. Nesse momento os acompanhamentos naqueles bailes eram feitos por violas e/ou violões dos seresteiros e repentistas e, principalmente a Rabeca, o violino nordestino. Na realidade, os bailes aconteciam, muitas vezes, juntamente com desafios de violeiros repentistas e apresentações de rabequeiros. Essas festas eram os espaços de comemorações das populações pobres. Um fazendeiro, por hipótese nenhuma, permitia que suas filhas freqüentassem um “baile” desses. A música dançava-se ‘agarradinho’, num “bate coxa”, “rela bucho”, “esfregado”, que era sensualidade pura. Os corpos juntinhos dos casais e os decorrentes namoros e ciumeiras resultavam em muitas desavenças, provocando um verdadeiro forrobodó. Essa expressão alcunhada com certo preconceito pelos das classes dominantes servia para ‘alertar’ as damas donzelas do perigo daquelas festas, realizadas em taperas pobres, geralmente de taipas, com um reboco de barro cru, amaciado pelos pés rachados de quem vivia na dura labuta dos sertões nordestinos, cuidando do gado e das terras dos fazendeiros.

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Na música em si, tocada nesses bailes, o instrumento principal era o “Bumbo”, feito de couro de bode e estirado sobre um equipamento de madeira, preparado especialmente para receber o couro do ruminante. É importante destacar que o couro é de bode por dois motivos básicos. Primeiro, a criação da população sertaneja pobre era, além de galinha e porco, o bode. O bode era criado, na maioria das vezes, clandestino, nas terras dos fazendeiros. Clandestino porque o bode come de tudo e não respeita as cercas, nem as demarcações cartoriais, muitas resultados de grilagem. Segundo, o couro do bode é mais fino, porém bastante resistente, permitindo tirar um som mais forte e diversificado. O instrumento básico para “tirar o som” era um pau grosso e seco, podendo ser Jucá ou Pereiro, com uma extremidade enrolada em panos, para o som mais agudo. Do outro lado do Bumbo, usava-se uma varinha de marmeleiro meio verde, ainda flexível, para o som mais grave. Isso era o essencial para o baile. Claro que se tivesse uma banda de pífano, uma rabeca, uma viola ou um violão, o baile ficaria mais animado. O “Harmônico” aparece pelo interior nordestino, em meados do século XIX, mas não conseguiu se popularizar. Quem se popularizou foi o “fole de oito baixos”.

Esse reproduzia o som frenético dos pifeiros, substituía a rabeca e conseguia acompanhar o ritmo da dança do “rela bucho”, arrastando os pés no chão batido dos terreiros sertanejos. Com o fole de oito baixos surge o forró como o conhecemos hoje. O que há de impressionante é que esse ritmo surge com grande diversidade em todo interior nordestino. Nos brejos, sopés e altos das serras. Nas “panhas” de algodão, entre os tangerinos de gado, no pastoreio dos caprinos, nos mutirões dos tropeiros, nos aboios saudosos das pegas de boi; depois das novenas, nas “quermesses”.

Em toda parte a massa popular dança, canta e brinca nos diversos ritmos que compõem o hoje chamado forró. O Baião, o Samba Nordestino, o Arrasta-pé ou Marcha, o Forró, o Xote, o Calango Mineiro, a Toada, o Lamento Sertanejo, etc., são todos ritmos sob o guarda chuva do chamado Forró. É importante salientar que, o Forró surge apenas como música instrumental, sem letras. Era comum colocar-se a música numa daquelas histórias ou crônicas dos folhetos de cordéis. A Asa Branca foi um desses casos. As letras da música de forró são, inicialmente, na realidade, crônicas do sertão nordestino, da vida rural do semi-árido.

Depois, tornam-se também, narrativas de uma vida semi-urbana e semi-rural. O Forró chegou às cidades do interior sertanejo, nas maiores e menores, preferencialmente nas periferias, ou melhor, nos cabarés, nas “casas de socorros” da matutada. No início do século XX e até pouco tempo perdurava, nas maiores cidades do interior nordestino, como Campina Grande, Caruaru, Feira de Santana, Vitória da Conquista, Mossoró, etc., nas feiras livres, mesmo durante o dia, os “cabarés de feiras”, estes ficavam apinhados de “matutos” em busca de “relas buchos”, de “esfregado”, de “bate-coxas”. Ao som do Zabumba misturavam-se os gritos dos feirantes e dos dançarinos. O preconceito contra os forrós era enorme. Era coisa de pobres, matutos e prostitutas.

Essa riqueza melódica só ganhou notoriedade nacional com Luiz Gonzaga, na década de 1940, mesmo assim, com toda carga de preconceitos conhecidos, característicos dessa sociedade classista e racista brasileira. Um negro mulato, pobre, “nortista” muda a história do forró e da música brasileira. Primeiro o Rio de Janeiro pára pra ouvir aquele ritmo. Na época do impulso da indústria fonográfica foi rápido sair do Rio e conquistar o Brasil.

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Quando Gonzaga, em 1941, desistiu de tentar, com sua sanfona Todeschini, imitar os sons dos acordeons europeus, tocando valsas, polcas, ou os sucessos internacionais da época, como os boleros cubanos, as músicas americanas; e procurou imitar com uma sanfona de 80 baixos, um legítimo forró das bandas da Chapada do Araripe (divisa do Ceará, Pernambuco e Piauí), tocado por um fole de 8 baixos, explodiu. As primeiras músicas que Gonzaga conseguiu gravar: “Vira e mexe” e “Pé de Serra”, de 1941, é negócio de louco. É o Sertão em forma de som. Qualquer um que conhece o nosso Sertão e ouvir aquilo sente a alma nordestina brotando naqueles acordes. Dali em diante o Forró chegou a todos os recantos. Gonzaga foi transformado, com justiça, no ícone, na referência, disso tudo.

O Brasil passa a se interessar pelo Brasil de dentro, de suas entranhas, de seus sertões, do seu Nordeste. Nesse aspecto a música de forró é a expressão mais fiel do modernismo brasileiro, de buscar sua essência, de procurar entendê-lo em sua alma, de exibir nossas contradições. O forró gonzagueano é isso. É a contradição viva de nossa vida. É a crônica melódica de nosso cotidiano. Numa sociedade de classes como a nossa, lógico, a música como todo movimento cultural, é apropriada por interesses da classe dominante, Gonzaga e o forró foram.

Só muito tarde o ritmo ganhou os salões da elite econômica nacional, pois esta torcia o nariz para a cultura popular brasileira e buscava ser européia em seu consumo, embora se mantivesse servil e escravocrata em seu comportamento social. O forró conquistou também a elite intelectual. No final dos anos 40 depois da Asa Branca, gravada em 1947, e início dos 50, Luiz Gonzaga tornou-se a maior estrela da música popular brasileira, bateu todos os recordes de venda de disco e o “Baião” passou a ser ritmo de “doutor”, como dizia Gonzaga em suas apresentações. “Até Tom Jobim gravou Baião”.

O Forró também virou mercadoria e um negócio dos bons. O sucesso era tanto que Pedro Sertanejo criou uma gravadora, a “Cantagalo”, exclusiva para forrozeiros nordestinos que, na onda de Gonzaga conquistaram o Rio e o Brasil. Outras gravadoras entraram no mercado e o Forró explodia como sucesso no país todo, mas continuava o mesmo nas salas de reboco e nos terreiros das fazendas nordestinas. Gonzaga define o trio sanfona, zabumba e triângulo, como a base da síncope do forró, embora que nas latadas, nas salas de reboco dos sertões sempre estão juntos ao Trio, o pandeiro e o violão. E nas gravações, o próprio Gonzaga incrementava com violões e depois com a bateria. A essência, o dominante desde Gonzaga, era a sanfona.

No pipocar do sucesso nacional do Forró, grandes artistas puderam ser conhecidos. Verdadeiros gênios, mestres da sanfona, no fole de oito baixos. Poetas magistrais do sertão nordestino afloraram. O Forró ganhou palco, ganhou cidades. Campina Grande e Caruaru, desde os anos de 1960 disputam quem é a capital do forró. Agora entrou na briga Aracaju, mas hoje, em função de turismo, apenas de negócios de caráter econômico. A música em si sofreu tremenda agressão nessa lógica puramente mercadológica e vulgar que domina a mídia e as emissoras de rádio nos dias de hoje.

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Porém, a música de forró com seu ritmo, utilizando-se de equipamentos modernos, de novos instrumentos para enriquecer o ritmo e toda sua beleza melódica continua viva e forte entre as massas populares e as pessoas que estão livres dessa massificação da vulgaridade conduzida apenas por interesses econômicos. O Forró de verdade, jamais morrerá. Enquanto existir Sertão, Nordeste e pessoas lúcidas, de bom gosto, a música de forró continuará sendo renovada e enriquecida.

O filme “Paraíba, meu amor” é, portanto, na minha modéstia opinião, nesse aspecto: superficial, raso. Continua faltando um documentário a altura do forró. Não posso imaginar uma abordagem do forró na atualidade sem uma recorrida geral pelos principais nomes dessa música. Do passado e do presente.

Como fazer um documentário sobre o Forró sem ouvir Geraldo Correia e Zé Calixto, que estão vivíssimos e foram junto com Jackson do Pandeiro, os maiores nomes do forró paraibano. Segundo Dominguinhos, Geraldo Correia é o maior tocador de fole que ele conheceu em todos os tempos. Pois é, o documentário sequer os cita, quanto mais entrevistá-los, apresentá-los, etc. E Abdias, Marinês, Messias Holanda, Zé Catraca, Elino Julião, João Gonçalves, o grande Zito Borborema, Anastácia, Genival Lacerda e uma gama de astros do Forró que atuaram ou atuam, viveram ou vivem na Paraíba e sequer foram mencionados?! E os grandes dos 8 baixos, para citar alguns: Gerson Filho, Severino Januário, Pedro Sertanejo? E o Trio Nordestino? Depois de Gonzaga, quem mais vendeu disco de Forró no Brasil. E os grandes compositores como Zedantas, Humberto Teixeira, Zé Marcolino, Rosil Cavalcanti, João Silva e o grande e genial Antônio Barros? Uma penca de autores de altíssimo nível que simplesmente não existem no documentário.

Infelizmente, a lista de ausência é inúmeras vezes maior do que a dos presentes. No entanto, alguns que representam muito nessa história não poderiam estar ausentes. Como falar de Forró sem ouvir as posições de Biliu de Campina, o nosso antropólogo do Forró. Fonte de qualquer pesquisa séria nessa área. Como falar de forró na atualidade e não ouvir Flávio José? E Santana? Como falar de “Paraíba, meu amor”, abordar o tema Forró e sequer mencionar Sivuca? Não! É incompreensível.

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O roteiro do documentário parece ter sido de Chico César, de quem gosto muito e aprecio bastante sua música, porém, demonstrou entender pouco de forró. Aliás, Chico César diz um monte de coisas erradas no filme. A começar pela origem do forró. Demonstra ter lido pouco sobre Gonzaga. A música “Paraíba”, de Gonzaga e Humberto Teixeira, feita por encomenda para a campanha de Argemiro de Figueiredo e Pereira Lira em 1950, não tem como centro a mulher paraibana, como cita Chico César no documentário, mas o estado da Paraíba.

Quem leu, viu e ouviu Gonzaga sabe disso. O que “encafifava”, termo gonzagueano, os poetas naquela época era essa coisa da Paraíba ser nome de um estado, em decorrência de um rio, mas todos chamá-la no feminino, ao contrário dos demais estados brasileiros que carregam nomes de rios, que tem a terminação no feminino, mas são estados masculinos, como Paraná, Pará, Amazonas, etc. Além disso, queriam homenagear a participação da Paraíba no Movimento de 30. Ora, a Paraíba, pequenina, mudara a história do Brasil, com sua participação decisiva na “Revolução”. Zé Pereira, o Coronel de Princesa, havia sido derrotado, mas seu sobrinho, Pereira Lira estava agora pleiteando uma vaga no Senado Federal, daí o “eita pau Pereira que em Princesa já roncou, eita Paraíba teu bodoque não quebrou”. Nos shows de Gonzaga na Paraíba ele contava a história da música, proseava, falava do lançamento da música em Campina Grande, na Praça da Bandeira, do tiroteio, das mortes e da campanha de Argemiro.

Brincava com a Paraíba. No livro de Dominique Dreyfus, “A Vida do Viajante”, a autora descreve a historia e mostra o duplo sentido da música, com o estado e com a coragem da mulher paraibana. Chico César não entendeu assim.

Considero que o filme forçou a barra para mostrar o Trio Tamanduá na fazenda Tamanduá do suíço Pierre, em Santa Terezinha, vizinho a Patos. Talvez por questão de patrocínio ou proximidade étnica (???!!!!)
Os aspectos a destacar do filme são as participações maravilhosas de Pinto do Acordeon, Aleijadinho de Pombal, Dominguinhos e o magnífico som de Richard Galliano, além da bela fotografia. A participação de “Os três do Nordeste” é ridícula para a obra gigantesca desse excelente grupo musical. O aspecto da dança de forró também deixa a desejar. Enfim, a idéia foi muito boa mas, como disse no início, está muito aquém de nossa música. O “Viva São João” de Andrucha/Conspiração e Gilberto Gil é superior.

Desculpem a chatice, mas nesses tempos pueris é preciso.

Jonas Duarte, apaixonado por forró. O de verdade, não essa porcaria que comercializam vilmente contra nossos jovens.

CD – Fernando Melo – Forró de violão

“Para quem ‘aprececia’ pé-de-bode está diante de virtuoses e de uma música fantástica, onde o violão se integra de tal modo, que há um diálogo constante entre ele e os oito baixos, cada um mantendo sua identidade.”(Trecho do texto de Luiz Sávio de Almeida, extraído do encarte)

“Fernando Melo nasceu no agreste alagoano, em Arapiraca, cresceu ao som dos ternos – zabumba, triângulo e sanfona – presentes nas festas do interior e das bandas de pífanos…”
“Forró de violão é o primeiro trabalho que Fernando Melo grava sem a presença do parceiro e amigo Luís Bueno, a outra metade do aclamado Duofel” (Trechos do texto de Ubirajara Almeida, extraídos do encarte)

Produzido por Fernando Melo e Félix Baigon, violões 06 e 12 cordas aço de Fernando Melo, sanfonas de Tião Marcolino e Xameguinho, pé-de-bode de Edgar dos 8 Baixos. É ouvir para dançar, destaque para “Mundaú a Manguaba”.

Fernando Melo – Forró de violão
2000 – Eldorado

01. Forró no Caranguejo (Fernando Melo)
02. Rua do sol (Fernando Melo)
03. Chorando no Aroeira (Fernando Melo)
04. Xoteando em Caititus (Fernando Melo)
05. Mundaú a Manguaba (Fernando Melo)
06. Festa de Santo Amaro (Fernando Melo)
07. Marchando para Marechal (Fernando Melo)
08. Feira do passarinho (Fernando Melo)
09. Penedo é bonita de se ver (Fernando Melo)
10. Papo Furado No 7 coqueiros (Fernando Melo)
11. É no gogó da ema (Fernando Melo)
12. Maxixe em Piaçabuçu (Fernando Melo)

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CD – Geraldo Junior – Calendário (O tempo e o vento)

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Recebemos do Eduardo Macedo, “usuário” assíduo do Blog, como ele mesmo se auto intitula, a sugestão para conhecer e a ajudar a divulgar o trabalho do Geraldo Junior, natural de Juazeiro do norte – CE.

Ele disse: “Vivo no Ceará e gostaria de apresentá-los – se é que não já conhecem – um artista conterrâneo de primeira linha, o Geraldo Júnior. Tem um trabalho ultra autêntico e muito bem produzido, o CD Calendário. Dêem uma olhada, se possível.”

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Inspirado nos fenômenos da natureza, seus ciclos e qualidades, Geraldo Júnior desenvolve um espetáculo musical com canções autorais que refletem toda a beleza e diversidade da cultura nordestina! (Texto extraído do perfil no palco mp3)

Musicalidade em notas entrecortadas de pífanos, dedilhado de viola e miúdo de sanfona, Geraldo e seu Calendário de dias santos, feriados e feiras ritmadas, na ladainha de beatos que compram meisinhas, de menino que mexe com doido, do doido que mexe com a vida do povo.
No domingo vai a missa, sábado vai ao samba, pra na sexta encontrar o amor e na segunda sonhar, sonhar e voar com suas grandes navegações, o caboclo que cria asas e aporta em nuvens.

Bandeira de missão, espaço demarcado na universalidade do mundo entre sóis e luas, rosa dos ventos e astrolábio, um show de quermesse, de dias que ficam ferrados na lembrança e são enfeitados de bandeiras coloridas no juízo, firmando certeza para os anos que virão. (Texto de Thailyta Feitosa extraído da sua comunidade no orkut)

Geraldo Junior – Calendário (O tempo e o vento)
2008

01 Num trovejo de vontade (Geraldo Junior)
02 Paixão de abril (Geraldo Junior)
03 Chuva de janeiro (Geraldo Junior)
04 Minha violinha (Geraldo Junior)
05 Mistério vento (Geraldo Junior)
06 Ridimúin (Janada aérea) (Geraldo Junior)
07 Marimar (Geraldo Junior)
08 O nosso amor (Geraldo Junior)
09 Filhos da mãe d´água (Geraldo Junior)
10 Piscar de saudade (Geraldo Junior)
11 Menestrel do mundo (Geraldo Junior)
12 Doido do horto (Geraldo Junior)
13 Despedida do guerreiro (Geraldo Junior)

Veja o sítio oficial do Geraldo Junior.

Onildo Almeida – O homem da feira

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Quem não conhece a música “A feira de Caruaru”, célebre baião cantado por Luiz Gonzaga? Esse disco é do autor da tão famosa homenagem a uma das maiores referências comerciais e artísticas de Pernambuco e do nordeste brasileiro.

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“A feira surgiu há mais de 200 anos e sua origem se confunde com a da cidade. O local era ponto de parada para vaqueiros que traziam o gado do Sertão para o Litoral e de mascates que faziam o sentido inverso.

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Conjuntos musicais e bandas de pífanos também são encontradas no meio da feira. É ali, na mistura de comércio, festa e arte, que os artistas populares criam uma cultura nordestina.”

Onildo Almeida – O homem da feira
1980 – Jangada

* 01. Aproveita zé (Onildo almeida)
* 02. Deixa serená (Onildo almeida)
* 03. Se saudade matasse (Onildo almeida)
* 04. Como se dança forró (Onildo almeida)
* 05. Feira do troca-troca (Onildo almeida)
* 06. Xote da menina nova (Onildo almeida)
* 07. A feira de caruaru (Onildo almeida)
* 08. Bichim que rói (Onildo almeida)
* 09. O rico e o pobre (Onildo almeida)
* 10. A espera (Onildo almeida)
* 11. A lei do mais forte (Onildo almeida)
* 12. Carne de sol (Onildo almeida)

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