Texto – ‘Forró: do tradicional ao moderno’

O Brasil é certamente o país mais multicultural do mundo, e assim como abriga diversas tendências musicais, a expressão cultural brasileira se manifesta de diferentes formas em cada região, o forró, por sua vez, abrange o Brasil inteiro.

O forró é uma manifestação cultural nordestina, desde suas raízes até suas ramificações diversas, é inegavelmente uma contribuição para a diversidade cultural brasileira e mundial.

Hoje, com a globalização, o forró novamente conquista o mundo, já tendo seus representantes residentes e atuantes em algumas capitais europeias. Vivemos um momento de grande expansão desse movimento que retrata esse gênero musical tão criativo e arraigado no coração do brasileiro.

Atualmente o forró se divide em 3 categorias:

1. O forró tradicional (Pé-de-serra) foi apresentado ao Brasil por Luiz Gonzaga na década de 1950 e se caracteriza por ser tocado com apenas zabumba, triângulo e sanfona. E resiste, até hoje, no trabalho de artistas excepcionais que fomentam esse segmento importante e autêntico da música brasileira.
2. O forró moderno, também conhecido como estilizado ou eletrônico, que surgiu no final da década de 1980 e se caracteriza no uso de instrumentos elétricos e bandas com grandes quantidades de componentes, um andamento mais acelerado, muitos instrumentos, back vocais e dançarinos. Gigantescos espetáculos de som e luz.
3. O forró universitário, que é confundido com o forró pé de serra por ter um formato muito semelhante, suas diferenças se resumem a roupagem, temática das letras e variações harmônicas. O estilo surgiu no final da década de 1990 e foi uma verdadeira febre, tocando em todas as rádios e TVs do País. Fato que ajudou a resgatar o forró como identidade do povo brasileiro.

O Brasil, se observado como um todo, tem esses 3 tipos de público, e democraticamente, não se pode excluir nenhuma das 3 tendências do forró, dizendo isso é ou isso não é forró.

Existem núcleos de forró pé de serra nas principais capitais sudestinas, sendo que São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro são as principais. Núcleos unidos pela música e pela dança. O forró tradicional, que atravessa gerações e mantém a tradição, renovando-se a cada ano.

Além de suas legiões de seguidores residentes no nordeste, existem milhares de nordestinos imigrantes e seus descendentes espalhados por todo Brasil, que levaram consigo, em suas preferências, o forró moderno.

Em todo Brasil, existem muitos fãs que certamente ainda guardam no coração lindas lembranças da febre do movimento forró universitário. O sudeste, por ter sido o epicentro desse fenômeno, concentra a maior parte desse público.
Atualmente, podemos entender o forró buscando uma visão mais ampla desta face da cultura regional brasileira, com a existência de distintos públicos dentro desse segmento com diferentes tendências.

Para quem não tem muita familiaridade com o assunto, pode-se abordar as diferentes tendências do forró, conhecendo desde os trios tradicionais, as grandes bandas do forró moderno e os ícones do forró universitário que fizeram sucesso no início dos anos 2000.

Hoje o Forró Tradicional tem como seus representantes mais antigos: Antonio Barros e Cecéu, Genival Lacerda e Os 3 do Nordeste; seguidos de Elba Ramalho, Alceu Valença, Flavio José, Trio Nordestino, Trio Juazeiro, Edson Duarte, Tiziu do Araripe, Trio Xamego e Trio Virgulino; e a nova geração de jovens como Chambinho do Acordeon, Lucy Alves, Mestrinho do Acordeon, Trio Dona Zefa, Trio Alvorada e Diego Oliveira, entre outros.

Aguns dos representantes em evidência do Forró Moderno são: Garota Safada, Aviões do Forró, Cavalo de Aço, Calypso, Calcinha Preta, Mastruz com Leite, Dorgival Dantas, Amazan, Frank Aguiar, Francis Lopes, Wesley dos Teclados, Luan e o Forró Estilizado, entre outros.

Dentro do Forró Universitário temos desde seu precursor, a banda Falamansa e outras bandas que formaram e dão continuidade para essa tendência, como: Rastapé, Bicho de Pé, Circuladô de fulo, Peixelétrico, Ó do Forró, Chama Chuva, entre outros.

Como hoje as gravadoras já não tem mais o poder supremo sobre o que devemos ou não ouvir, cada pessoa pode ouvir de tudo e escolher o que mais lhe agrada.
Você já fez isso?
Qual tipo de forró lhe agrada mais?

José Plínio Cunha (Prof. de Música e forrozeiro)

2 comments

  • Diêgo Andrade

    Primeiramente, quero Parabenizar ao prof. José Plínio, pela maravilhosa elaboração desse texto, que definiu cuidadosamente, toda a trajetória do FORRÓ. Bom, e respondendo as interrogações, quero dizer que já fiz isso sim, e o FORRÓ que mais me agrada, em primeiro lugar, é FORRÓ-PÉ-DE-SERRA, pois ele é a matriz de tudo isso que podemos chamar de FORRÓ, e o nosso eterno REI DO BAIÃO, LUIZ GONZAGA, deveria entrar para o livro dos recordes, por vencer várias barreiras, numa época muito difícil, vencendo, inclusive o preconceito, por ser negro, pobre e nordestino !!!! E amo muito, o FORRÓ UNIVERSITÁRIO, pois podemos dizer, que ele é o segmento do FORRÓ-PÉ-DE-SERRA, pois evoluiu, mantendo a autenticidade em todos os sentidos, e é muito bonito ver essa juventude, resgatando as raízes, e criando coisas maravilhosas. Já o nome FORRÓ MODERNO, na opinião, não deveria existir, pois desses representantes citados acima, admiro alguns, e acho que eles não deveriam estar no meio de alguns nomes, que de FORRÓ mesmo, só tem o nome, pois suas letras, são verdadeiras apelações !!!! Por exemplo, DORGIVAL DANTAS, na minha opinião é sensacional, pois suas letras, traduzem todo romantismo dentro do FORRÓ, o seu estilo de tocar sanfona, é 100% nordestino, sempre explorando os baixos, coisa que não acontece com algumas bandas. Então, pra finalizar, quero dizer, e afirmar, que o “FORRÓ VERDADEIRO, NUNCA VAI MORRER”

  • Geraldo Veras

    Acho que o autor pecou um pouco pela generalização e falta de categorização, vez que: existe muita diferença de Dorgival Dantas ou Mastruz com Leite com esses mais atuais do naipe de Wesley Safadão e Aviões do Forró. Sem falar que Calypso nem é forró. Muitos atribuem ao Mastruz um papel de vilão na história do forró: LEDO ENGANO. Basta ver a fonte de muitas das músicas gravadas pelo Mastruz entre 1990 e 1999: Accioly Neto, Petrúcio Amorim, Luis Fidelis e muitos outros que também compunham para nomes como: Waldonys, Flavio José, Trio Nordestino e por aí vai.

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