Cap09.01 – Pífano – Livro – O que é o Forró? (2022)

Desde os primórdios, o Forró era tocado também com o Pífano (aerofone), Flauta feita normalmente de bambu, popularmente conhecida como Pife, acompanhado por palmas e percussão.

O Pífano europeu chegou ao Brasil através dos militares portugueses e dos jesuítas. Os nativos brasileiros, muito antes da colonização europeia, já tocavam diversos tipos de Flauta em seus rituais e celebrações. Na época, tocava-se uma Flauta de formato e som muito semelhantes ao Pife atual do nordeste. Essa Flauta foi encontrada em um cemitério indígena de cerca de 2000 anos, um Pífano de osso enterrado junto com seu dono.

Os Cambembe (Caa = Mato) + (Memby = Música), da atual região de Alagoas, eram conhecidos como grandes tocadores de taboca (tipo de bambu usado para fazer as Flautas). Com o processo de colonização, as Flautas indígenas passaram a receber uma furação igual à dos seculares Pífanos europeus e foram largamente usadas na catequização dos nativos.
Os europeus chegaram no início do século 16. Durante dois séculos, as Bandas de Pífano se desenvolveram até se consolidarem, no início do século 18, com um formato específico, repertório próprio e integrado às manifestações tradicionais dos povoados.

As Bandas de Pífano, Carapebas, Terno de Pífanos, Bandas Cabaçais, Terno de Zabumba ou apenas ‘A Zabumba’ são conjuntos de no mínimo três músicos, compostos por dois Pífanos e um Zabumba. Um remanescente vivo dos primórdios dessa interação entre os elementos indígenas (flautas e celebrações), europeus (paralelismo de terças, harmonias e melodias, temáticas religiosas, procissões e a ‘Marcha’, ritmo das bandas militares) e, em um segundo momento, influências africanas (percussões e ritmos).

Normalmente, completam a instrumentação das Bandas de Pífano, o Tarol (caixa) e os Pratos, além de percussões diversas. Os instrumentos já existiam e eram usados para outros fins.

Em registros históricos, observa-se a denominação de “A Zabumba” para as Bandas de Pífano e “O Zabumba” em referência ao instrumento em si. As bandas eram chamadas de Zabumba pois é o instrumento que se ouve a grande distância. Os músicos iam tocando no caminho e de longe o povoado ouvia o som do Zabumba sabia que a Banda estava chegando.

Antes da colonização, já ocorriam tradicionalmente procissões religiosas na Europa, manifestações que no Brasil foram inseridas pelos jesuítas e tornaram-se parte do conjunto de expressões culturais ligadas ao Pife, assim como as comemorações e celebrações em geral, nas quais as Bandas de Pífano são sempre protagonistas.

Inicialmente misturaram-se as influências militares, religiosas e indígenas, como hinos, dobrados, valsas e marchas, sempre voltados para os ritos católicos. Num segundo momento, mais de um século depois, as influências africanas se integram ao repertório, agregando os ritmos africanos e diferentes santos cultuados.

Dominguinhos disse que Gonzaga gostava muito das Bandas de Pífano. Sempre que parava em uma feira e via uma bandinha, pedia para que tocassem seus repertórios ancestrais.

A inspiração para a formação das Bandas de Pífano pode ter vindo dos conjuntos portugueses chamados de “Bombos”, compostos por 2 Bombos, 2 Tambores, 2 Triângulos e 1 Pife.

No início as Bandas eram formadas apenas por pifeiros, em seguida passaram a ser acompanhadas por uma caixa, tornando-se uma Banda de Pife e Caixa. Até que passam a ser acompanhadas por um Zabumba, tornando-se então finalmente um Terno de Zabumba.

Conta a história que os irmãos Biano, da Banda de Pífanos de Caruaru, tocavam com os indígenas antes de montarem a banda.

Parte do livro: O que é o Forró? Um pequeno apanhado da história do Forró./ Ivan Dias e Sandrinho Dupan. 2022 ISBN978-65-997133-0-9
Projeto contemplado pela 2a Edição do Fomento ao Forró, da “Secretaria Municipal de Cultura” da cidade de São Paulo.

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