Zenilton – O cachimbo da mulher

As letras que exploram o vasto vocabulário da língua portuguesa, brincam com as palavras e deixam no ar o sentido das frases, sempre estiveram presentes nas músicas do forró. No começo com muito bom gosto e sutileza, porém, do final da década de 1970 até o fim dos anos 80, o duplo sentido das composições passou a ficar mais evidente e com menos cuidado ao escolher as palavras. Posteriormente, as bandas de forró dos anos 90 e 2000 até tentam utilizar a lógica maliciosa do duplo sentido em suas composições, mas falham ao não exibir a mesma sutileza e recursos lingüísticos.

Um dos grandes representantes do forró que explorou fortemente essa faceta ou sub-gênero do forró pé-de-serra é, sem dúvida, o pernambucano Zenilton, que começou a gravar no fim da década de 1960, ainda com letras um pouco mais comportadas e com o passar do tempo foi acentuando cada vez mais nas letras das músicas que gravava, o forró de duplo sentido. Passou, entre outras, pelas gravadoras Chantecler, Tropicana e Copacabana, onde permaneceu por toda a década de 1980 voltando-se totalmente para o estilo.

Nesse disco, de 1981, Zenilton exacerba o verbo com um balanço muito bom, ainda com produção de Lindú, do Trio Nordestino, e sanfonas do maestro Chiquinho do acordeon e algumas composições de Durval Vieira, outro representante fiel da brincadeira com as palavras.

Destaque para o baião “Rio das pedras” regravado pelo Trio Virgulino em ritmo de xote, “Ta querendo desquitar” e “O pão da minha prima” regravadas pelos Raimundos e “Deixei de fumar” música de Durval Vieira e Graça Góis, mulher de Genival Lacerda, que é o representante máximo na exploração do duplo sentido no forró. Quem nunca ouviu “Quero um beijinho”?? Um xote safado de primeira!

Zenilton – O cachimbo da mulher
1981 – Copacabana

01. Deixei de fumar (Durval Vieira – Graça Góis)
02. Rio das pedras (Durval Vieira – Zenilton)
03. O herdeiro (Durval Vieira – Zenilton)
04. Cana caiana (Zenilton – Tio Jovem)
05. Tá querendo desquitar (Zenilton – Guriatã de Coqueiro)
06. O pão da minha prima (Zenilton – Tio Jovem)
07. Bacalhau à portuguesa (Durval Vieira – Hernandes)
08. Primeiro de abril (Antonio Brasileiro – Roderiki)
09. Loteria federal (Ely Fonte Verde – Roderiki)
10. Caminho de Santos (Durval Vieira – Broto do Rojão)
11. Quero um beijinho (Durval Vieira – Salim Mansur)
12. Quem avisa, amigo é (Marcelo Reis – Belinho)

Para baixar esse disco, clique aqui.

Se estiver com dificuldade para baixar e descompactar os arquivos, tire suas dúvidas em nosso manual “passo a passo”, clique aqui.

3 comments

  • ADRIANO LEITE DIAS

    BOA TARDE,

    QUERO SABER COMO FAÇO PRA REPRODUZIR AS´MÚSICAS NO PROPRIO SITE COMO ERA ANTES??

  • Igor Maxwel

    Minha mãe se tornou uma grande fã do Zenilton. Começou a gostar dele por minha causa. Eu comprei este vinil pra ela na época do Natal de 2010 e ela me disse que este foi o melhor presente que eu poderia dar a ela: o clássico Cachimbo da Mulher, a obra-prima de Zenilton. Este disco de 1981 foi o que inspirou dois nomes da música atual: o forrozeiro português Quim Barreiros, que regravou “Bacalhau à Portuguesa” (e mais tarde passou a gravar outras músicas de Zenilton) e a banda Raimundos (que recentemente se desfez porque o Rodolfo saiu e se converteu) que regravou “O Pão da Minha Prima”, também conhecida como “Xoxo Pão”. Este é na minha opinião o melhor álbum da parceria entre o saudoso Lindú do Trio Nordestino, e o genial maestro Chiquinho do Acordeon, gaúcho de Santa Cruz do Sul (conterrâneo da Ana Hickmann). Minha mãe e eu agradecemos a este site por nos dar dicas de ótimos discos com músicas de qualidade e bom gosto. Parabéns a todos!

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