Pernambuco do Pandeiro – No meu Brasil é assim

capa p

Colaboração do João Carlos Almeida, de Brasília – DF.

seloa pselob p

Raríssimo disco de 10 polegadas do Pernambuco do Pandeiro.

verso p

No mesmo ano foi reeditado em LP de 12 polegadas, no qual foram acrescidas quatro músicas inéditas: “Relembrando Os Coroas”, “Dinorah”, “Dolorosa Saudade” e “Sublimar”.

Pernambuco do Pandeiro – No meu Brasil é assim
1958 – Copacabana

01. Venenoso (Raul Silva)
02. Bacurau na França (Antônio Patrício / Souza Rodrigues)
03. Parece Que Foi Ontem (M. Rodrigues / P. Sobrinho)
04. Pintassilgo Apaixonado (Lina Pesce)
05. Última Inspiração (Peterpan)
06. Casinha Pequenina (Tradicional)
07. Vidas Mal Traçadas (Dante Santoro / Scyla Gusmão)
08. Maria das Dores (H. Xavier Pinheiro)

Para baixar esse disco, clique aqui.

Se estiver com dificuldade para baixar e descompactar os arquivos, tire suas dúvidas em nosso manual “passo a passo”, clique aqui.

Foto – Januário e Luiz Gonzaga

O sanfoneiro Luiz Gonzaga ao lado de seu pai, Januário dos Santos, em sua casa na cidade de Exu, no Pernambuco, 1972.

*Foto enviada pelo Zé Lima, de Niteroi – RJ e do José de Sousa, de Guarabira – PB

O sanfoneiro Luiz Gonzaga ao lado de seu pai, Januário dos Santos, em sua casa na cidade de Exu, no Pernambuco, 1972.

CD – Forró Campina – Como Deus Criou

capa p

Colaboração do Wdilson Campos, de Campina Grande – PB

cd p

Formação Jimmy Allinson, Dinho do Acordeon e Erivan Ferreira.

verso p

Gravado em Campina Grande – PB

Forró Campina – Como Deus Criou
2014

01 Como Deus criou
02 Xamego
03 Forró de tamanco
04 Jeito manhoso
05 Chorar pra que
06 Chuva miúda
07 Lindo lago do amor
08 Rosa dos ventos
09 Pra cuidar de mim
10 Tampa de pedra
11 Natureza das coisas
12 Um passarinho
13 Asas da ilusão
14 Me manda embora

Para baixar esse disco, clique aqui.

Se estiver com dificuldade para baixar e descompactar os arquivos, tire suas dúvidas em nosso manual “passo a passo”, clique aqui.

Jornal Forró em Foco – Março 2015

Jornal Forró em Foco - frente - mar2015

Jornal Forró em Foco - verso - mar2015

Acompanhe o Jornal Forró em Foco:
http://jornalforroemfoco.blogspot.com.br/

Foto – Família Gonzaga

Luiz Gonzaga dança forró com sua mulher Helena enquanto seus pais Santana e Januário tocam.

*Foto enviada pelo Zé Lima, de Niteroi – RJ e do José de Sousa, de Guarabira – PB

Luiz Gonzaga dança forró com sua mulher Helena enquanto seus pais Santana e Januário tocam

CD – Cobra Verde – Forró do baú

capa p

Colaboração do Érico Sátiro, de João Pessoa – PB.

cd p

“Soenildo Santos, sergipano de São Domingos, nascido em 1978, herdou o apelido Cobra Verde de seu pai, o também forrozeiro Gileno Mendonça, que tocou triângulo no grupo ‘Os boêmios do Nordeste’. O disco ‘Forró do baú’ foi gravado em 2009, em Aracaju, mas foi lançado na França e distribuído apenas na Europa.

ficha p

A produção do CD é bem caprichada, com livreto interno (colado ao estojo) de 27 páginas contendo diversas fotos e texto escrito em francês. O CD conta com diversos convidados, como a lendária cantora Clemilda, e Alexsandra, esposa do sanfoneiro.

verso p

Destaco no álbum também as várias faixas instrumentais, muito bem interpretadas pelo músico, além de “Carreiro Novo”, de Jacinto Silva, que conta com a participação do baiano Adelmário Coelho.”

Cobra Verde – Forró do baú
2009

01 Valsa para Théo (Cobra Verde – Damien Chermin)
02 Toca Cobra Verde (Genovitor – Jacinto Silva) – part. Genovitor
03 Vaqueiro apaixonado (Zé Costa) – part. Zé Costa
04 A sorte é cega (Luiz Guimarães) – part. Alexsandra
05 Sabiá (Zé Dantas – Luiz Gonzaga) – part. Alexsandra
06 Mulher ciumenta (Danielzinho) – part. Danielzinho
07 Psicodélico (João do Pife)
08 Forró pifando (Gennaro)
09
Chorão (Luiz Gonzaga)
Xote do Coice (Dominguinhos)
10 Sertão seco – part. Genovitor
11 Carreiro novo (Jacinto Silva) – part. Adelmário Coelho
12 Fubá no choro (Ricardo Hertz)
13 Voltando a Serrinha (Delmiro Barros) – part. Genovitor
14 Igreja de Juazeiro (Genovitor – Os Vitos) – part. Genovitor
15 Reizado a Sao José (Raymundo Monte Santo) – part. Clemilda
16 Forró de Cobra Verde (Cobra Verde)

Para baixar esse disco, clique aqui.

Se estiver com dificuldade para baixar e descompactar os arquivos, tire suas dúvidas em nosso manual “passo a passo”, clique aqui.

Texto – Com respeito aos oito baixos

Leo Rugero e Ze Calixto p

*Texto enviado pelo Léo Rugero

A sanfona de oito baixos é um dos instrumentos matriciais do forró, sendo o instrumento que marca a infância de Luiz Gonzaga e a fundamentação do estilo da sanfona nordestina.
De acordo com o musicologo paraibano Batista Siqueira, a sanfona de oito baixos teria substituído a viola de arame, se tornando o principal instrumento solista nos bailes rurais da região Nordeste na virada do Séc.XX.
Nesta região, este pequeno acordeon de origem vienense, composto por vinte e um botões para a mão direita e oito botões para a mão esquerda, seria mais conhecido como “harmônica de oito baixos”, “fole de oito baixos”, “pé de bode”, “concertina” ou, simplesmente, “ fole”.

De acordo com Luiz Gonzaga, seu pai, Januário, “tinha duas habilidades, pegava no bacamarte e tocava sanfona, para divertir a cabroeira nos dias de sábado e domingo”. Conseqüentemente, também foi o primeiro instrumento do rei do baião. Em 1920, quando contava com apenas oito anos de idade, Gonzaga adquiriu sua primeira sanfona, um fole de oito baixos da marca alemã Koch. Portanto, embora este instrumento tenha se difundido por toda a região Nordeste, foi mais precisamente na Fazenda Caiçara, no sopé da Serra do Araripe, em Pernambuco, que o fole de oito baixos entraria definitivamente para a história da música nordestina.

O velho Januário, não era apenas um afamado sanfoneiro, também sendo reconhecido como um requisitado afinador de sanfonas. Então, durante sua infância e adolescência, o menino Gonzaga cresceu entre os pequenos foles de oito baixos e seus intrincados sistemas de botões. Luiz Gonzaga descreve em suas memórias que se “aproveitava das velhas harmônicas” que seu pai consertava, e, aos poucos, já era capaz de tocar “qualquer marca, qualquer tipo, fosse simples, si bemol ou semitonada”.

Naquela época, no Nordeste, ainda não haviam se difundido os modernos acordeões com teclados de piano para a mão direita e 120 baixos para a mão esquerda, que se tornariam o instrumento principal do forró pé de serra, sobretudo a partir da consagração fonográfica e radiofônica de Luiz Gonzaga, anos mais tarde, no final da década de 1940.
“Si bemol” ou “transportada” é a designação popular para a afinação específica que se consagraria como a maneira nordestina de afinar as sanfonas de oito baixos. Até hoje, a origem deste sistema é algo que se perde na noite dos tempos. Examinando sanfonas remanescentes da época de Januário, foi possível constatar que esta afinação já estava presente na região Nordeste ainda nas primeiras décadas do séc.XX, como atesta a história oral relatada por Luiz Gonzaga.

O repertório tradicional da sanfona de oito baixos da região Nordeste se constituiria basicamente de música predominantemente instrumental relacionada às danças praticadas nos bailes rurais nos albores do séc.XX. Parte considerável destas danças eram de origem européia, tal como a scottish – que se transformaria em xote, e a quadrilha – que se tornaria o arrasta-pé. Porém, também surgiriam danças de possível origem autóctone, como o xaxado e o baião – este último, presenciado por Euclides da Cunha em seu relato sobre a Guerra de Canudos, no final do séc.XIX. O poeta e jornalista Bráulio Tavares reforça esta perspectiva, ressaltando que os “forrós sertanejos eram animados quase sempre por música instrumental.(…) Além dos temas instrumentais, também surgia um grande número de canções folclóricas, que estavam na memória de todos, e eram cantadas em conjunto”.

Para muitos, o repertório de sanfona de oito baixos corresponde ao que há de mais antigo e tradicional no baile nordestino. Provavelmente, esta crença reforça a impressão de que a sanfona de oito baixos esteja constantemente associada ao passado rural e arcaico, ainda que se considere que tenha substituído instrumentos predecessores como a viola, o pife e a rabeca.

Em 2012, por intermédio do Prêmio Centenário de Luiz Gonzaga da FUNARTE, pude realizar um sonho, que foi a filmagem de um documentário de media metragem sobre a sanfona de oito baixos na região Nordeste. A idéia deste filme era refazer o percurso de minha pesquisa de campo que havia permeado a dissertação de mestrado intitulada “Com Respeito aos Oito Baixos”, realizada na Escola de Música da UFRJ, entre 2009 e 2011.

Através do incentivo da FUNARTE, pude, ao lado de dois cinegrafistas – Débora Setenta e Marcílio Costa, um assistente de câmera – André Fontes e um motorista – Silvério Candido, retornar à Paraíba, Ceará e Pernambuco, em alguns dos principais cenários por onde a sanfona de oito baixos continua a ser tocada e reinventada, através das mãos de hábeis tocadores. No filme, se destacam as participações de Joquinha Gonzaga, representando a dinastia da família Gonzaga; de Nego do Mestre, sábio conhecer do passado musical da região Nordeste; de Zé Calixto, Luizinho Calixto, Geraldo Correia e Arulindo dos Oito Baixos, importantes sanfoneiros reconhecidos por suas atividades profissionais como grandes solistas deste difícil instrumento; de jovens tocadores como Antonio da Mutuca e Ivison Santos, prova viva de que o “roncado” dos oito baixos ainda ressoam forte no solo nordestino.

Para mim, o maior trunfo deste projeto foi ter sido realizado o lançamento oficial deste documentário na Praça da Matriz, em Exu, cidade natal de Luiz Gonzaga, no dia 12 de junho de 2013, graças a Lello Santana e Helenilda Moreira. Foi como retornar ao solo sagrado, “de onde veio o baião” e levar a história ao caminho de volta para o cenário de onde surgiu aquele ser iluminado chamado Luiz Gonzaga do Nascimento, que, caso não tivesse existido, provavelmente, não estaríamos dançando, cantando, tocando, escrevendo e falando sobre forró, tal como fazemos hoje em dia no Brasil.

Assim, “Com Respeito aos Oito Baixos” é uma viagem ao âmago, ao cerne que sustenta e fundamenta os primórdios da sanfona na região Nordeste.

Zé Cupido – Entre na nossa quadrilha

Capa

Colaboração do Lourenço Molla, de João Pessoa – PB.

Selo BSelo A

O lado A é composto de uma única faixa que é a quadrilha “Entre na nossa quadrilha”, de Zé Cupido com acompanhamento de conjunto regional.

Verso

Coordenação artística e técnica de J. Martins; música e arranjos de Zé Cupido.

Zé Cupido – Entre na nossa quadrilha
1976 – EPD

01. Entre na nossa quadrilha (Zé Cupido)
02. Bailinho da roça (Zé Cupido)
03. O sorriso da gaúcha (Zé Cupido)
04. Risca fogo (Zé Cupido)
05. Essa não (Zé Cupido)
06. Linda donzela (Zé Cupido)
07. No arraiá do Zé Cupido (Zé Cupido)

Para baixar esse disco, clique aqui.

Se estiver com dificuldade para baixar e descompactar os arquivos, tire suas dúvidas em nosso manual “passo a passo”, clique aqui.

Poema – Embolada de aprendiz, por Nilton Maia

EMBOLADORES

EMBOLADA DE APRENDIZ

E vamos nós,
Embolados nesta vida,
Exaltando essa lida,
De música, verso e alegria.
Pois cada dia
Há de ser, serenamente,
Não o elo, mas corrente
A prender em nós o sonho.

Se estou tristonho,
Procuro a rima do nada,
Pois a alma, calejada,
Me diz pra seguir em frente.
Ser diferente é ser louco,
Sem aperreio:
O poeta, sem receio,
Também louva passarinho.

Quando caminho
Pelas rotas musicais,
Ouço, além dos sons normais,
As notas do coração.
A melodia,
Irmã gêmea da paixão,
Tropeça na emoção
E, de borco, cai sangrando.

Não estou blefando,
Nem sequer exagerando.
Meus amigos, vejam só
Em que fria acabo entrando.
Carioca, neto de português,
Abandono a sensatez,
Vou perdendo a timidez,
Na embolada me arriscando.

Sem ser do ramo,
Sem pandeiro e sem ganzá,
Resolvi me aventurar
Nesta nova empreitada.
É gesto insano,
E, de tal, até me ufano.
Sem delonga, sem engano,
Parto agora pra embolar.

Vou encarar,
Pois agora vou falar
Na Cultura Popular
Deste nosso país grande.
E sem pachorra,
Vou lutar por meu intento:
Risco o verso, corto, tento.
Escrevendo, assim aprendo.

Vou dizendo
Que o Brasil, que é tão vasto,
Banca o mais cruel padrasto
Com sua rica cultura.
E em vez de xote,
Choro, maxixe e xaxado,
Perde todo o requebrado
No funk e em outras diabruras.

Olhe que temos
Frevo de bloco e de rua,
Carimbó, catira e jongo,
Retumbão, guarânia e coco.
Calango, moda,
Marcha, rojão e dobrado.
Eu me ufano, admirado,
De ver tanta formosura.

E a mistura,
Que disso tudo resulta,
É prova mais do que culta,
Confirmando o que afirmo.
Temos ainda:
Caboclinho, cururu,
Cambinda, baião, lundu,
Pastoril, chula raiada.

Canto de cego,
Na porta de uma igreja,
Por mais triste que ele seja,
Tem beleza aprimorada.
Não acabei:
Tenho ainda que falar
De ciranda e marujada,
Gemedeira e congada.

E o tal do samba:
Que pode ser do rural,
Pode ser samba-canção
Ou de roda, ou urbano.
E a folia do divino ou de reis.
Aproveito a minha vez,
E mesmo sem altivez,
Sigo a rima, versejando.

E muito tema,
Digo só em argumento,
Não é outro o meu intento,
Tem sua dança apropriada.
Não me contento
Em ficar só por aqui,
Vou do Crato ao Chuí,
De Canindé a São Borja.

E vamos nós:
A embolada é inclemente.
Não perdoa, é exigente
Com o modo de dizer.
Versos recentes,
Desde já, estão presentes
Nessa faina apaixonada
De, no assunto, se arriscar.

Vou labutar,
Como humilde aprendiz,
Que ousa meter nariz
Pra onde não foi chamado.
Mas, com agrado,
Agarra o miúra à unha,
Segue a lida que se impunha:
De tal coisa ir falando.

Não me enganando,
Vieram lá da Europa,
Juntamente com os nobres,
A mazurca, a valsa, a polca.
Chegando aqui,
A esta terra se apegaram
E ao sol se aclimataram.
Por aqui foram ficando.

Sigo adiante,
Embolo, agora, de vera.
Não adianta besta-fera
Querer me calar na marra.
E é reisado, taieiras, maculelê,
Cavalo marinho, rancheira,
Batuque, canção, cantiga,
Balaio, torém, siriá.

Caninha verde,
Ladainha e modinha,
Fandango, tonta, milonga,
Incelença e cacuriá.
Maracatu, baque virado e rural,
Tambor de crioula e mina.
No Amapá, tem marabaixo.
Em Alagoas, baianá.

Chimarrita, chamamé e vaneirão,
Siriri, xiba, repente,
Congo e moda de viola.
Terno de pife, caxambu e afoxé.
Assino embaixo e dou fé
Que posso ter esquecido
De algum ritmo nativo
Já que o tema é tão vasto.

Vou terminar:
Agradeço a atenção
Do cristão e do pagão,
Da mocinha e do menino.
Do velhote
E do dono da bodega,
Chamado Mané Sossega,
Que me deu cana arretada.

Nilton Maia

Foto – Ze Marcolino

Ze Marcolino

*foto originalmente publicada no livro “O Fole Roncou”, de Carlos Marcelo e Rosualdo Rodrigues.

1 2 3 4 6